A secretária de Estado das Finanças britânica, Tulip Siddiq, demitiu-se esta terça-feira, depois de ter sido citada nas investigações de corrupção no Bangladesh contra a antiga primeira-ministra Sheikh Hasina, de quem é sobrinha.
Apesar de alegar "total transparência", Tulip Siddiq afirmou na sua carta de demissão que a sua permanência no cargo seria "uma distração" para o trabalho do Governo trabalhista.
"Por isso, decidi demitir-me", acrescentou na carta, publicada pelo executivo liderado pelo primeiro-ministro Keir Starmer.
Starmer aceitou a demissão "com tristeza"
Na sua resposta, Starmer aceitou a demissão "com tristeza", tendo elogiado o trabalho e a decisão da antiga secretária de Estado, a quem deixou a porta aberta.
A deputada Emma Reynolds foi nomeada para substituir Siddiq nas Finanças, mantendo a mesma responsabilidade pelas políticas sobre finanças ilícitas e corrupção.
"Gostaria também de deixar claro que Sir Laurie Magnus, na sua qualidade de Assessor Independente, me garantiu que não encontrou qualquer violação do código ministerial nem qualquer prova de irregularidades financeiras da sua parte", vincou Starmer.
Magnus, responsável por fiscalizar o cumprimento das normas de conduta dos ministros, referiu, no entanto, vários problemas, nomeadamente a falta de documentação sobre um apartamento que Tulip Siddiq recebeu de um apoiante da tia e não dos pais, como afirmou em 2022.
"A falta de documentos e o tempo decorrido levaram a que, infelizmente, não me tenha sido possível obter uma informação completa sobre todas a matérias relacionadas com o imobiliário no Reino Unido referidas nos meios de comunicação social", mencionou o assessor, em outra carta, divulgada em separado.
Viveu em propriedades ligadas a apoiantes de Sheikh Hasina
Segundo a imprensa britânica, Siddiq viveu em propriedades ligadas a apoiantes de Sheikh Hasina, que foi destituída da chefia do governo no Bangladesh em agosto do ano passado após protestos populares e encontra-se exilada na Índia.
No final de dezembro, a comissão anti-corrupção do Bangladesh anunciou a abertura de uma investigação sobre a possível apropriação indevida de cinco mil milhões de dólares por parte de Hasina e da sua família, no âmbito da construção de uma central nuclear.
Na segunda-feira, a mesma comissão anunciou a abertura de uma outra investigação, também contra Sheikh Hasina e a sua família, sobre a apropriação fraudulenta de terrenos nos subúrbios da capital Daca.
Entre os suspeitos destes casos conta-se Tulip Siddiq, cuja demissão já tinha sido pedida pela líder do Partido Conservador britânico, Kemi Badenoch.
"No fim de semana ficou claro que a posição da secretária de Estado anticorrupção era completamente insustentável. No entanto, Keir Starmer hesitou e adiou para proteger a sua amiga próxima", escreveu a líder conservadora na rede social X.
Com LUSA