Na reta final da administração Biden, Washington tenta tudo para reforçar o apoio a Kiev, numa altura em que a Ucrânia "quer mostrar" que tem capacidade para resistir às investidas russas. No Médio Oriente, um acordo entre Israel e o Hamas nas próximas duas semanas parece possível, mas há questões que parecem adiar a decisão. Ricardo Alexandre, comentador da SIC, explica ainda na sua análise na SIC Notícias o que leva os sul-coreanos a saírem à rua em apoio ao Presidente deposto.
O comentador começa por destacar que a administração Biden está a fazer um esforço para "levar até ao fim a sua política externa em relação à Ucrânia", quando faltam 15 dias para Donald Trump assumir o poder.
Recorde-se que esta semana os Aliados vão reunir-se em Ramstein, na Alemanha, para discutir o envio de mais apoio para Kiev.
No que diz respeito ao conflito no terreno, o jornalista refere que as forças russas têm feito avanços significativos na região do Donbass.
Apesar disso, nota, a Ucrânia parece não desistir:
"A Ucrânia está a responder e está, pelo menos, a tentar mostrar que tem ainda capacidade ofensiva (...) É isso que a Ucrânia quer demonstrar: 'nós conseguimos se vocês nos continuarem a apoiar ou se apoiarem mais, como sempre temos estado a pedir'."
Cessar-fogo em Gaza?
Sobre o conflito no Médio Oriente, Ricardo Alexandre mostra-se confiante relativamente a um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas ainda durante o mandato de Joe Biden isto porque, aponta, "estamos já numa fase de detalhe".
Prova disso, prossegue o comentador, é a lista de 30 reféns elaborada pelo grupo militar pró-Palestina.
O ponto de maior discórdia entre as duas partes do conflito é, certamente, "a questão da retirada total das tropas israelitas", considera.
"Nesse ponto não tem havido grandes cedências da parte do Governo de Netanyahu, que continua a insistir numa espécie de partilha do território de Gaza no corredor de Filadélfia, no sul da Faixa de Gaza na separação com o Egito, e depois outro corredor a meio que, basicamente, divide a Faixa de Gaza."
Coreia do Sul vive o que os EUA viveram em 2020?
Na Coreia do Sul, o Presidente foi destituído através do Parlamento depois de, no início de dezembro, ter anunciado que iria impor a lei marcial, o que gerou uma onda de contestação.
Apesar disso, agora, a segurança presidencial tenta impedir que as autoridades sul-coreanas detenham o líder da nação deposto e várias pessoas já saíram à rua em defesa de Yoon Suk Yeol.
Mas como se explica este apoio?
O jornalista afirma que a grande maioria dos populares que apoiam o Presidente deposto são "apoiantes de direita que veem na maioria parlamentar [que aprovou a destituição de Yoon Suk Yeol] um séquito de seguidores da Coreia do Norte que podem entregar a Coreia do Sul à Coreia do Norte e, por isso, vão para as manifestações com bandeiras dos Estados Unidos e com cânticos religiosos".
Estes apoiantes, garante Ricardo Alexandre, entendem que a eleição que levou ao afastamento do Presidente "foi roubada":
"Estamos a mimetizar aquilo que aconteceu com os com os seguidores de Donald Trump depois da derrota para Joe Biden, em 2020."