Arrancou, esta segunda-feira, a cimeira do G20, no Rio de Janeiro. No discurso de abertura, o presidente do Brasil comparou a atualidade com o cenário mundial na primeira cimeira do grupo em 2008, e afirmou que o mundo piorou.
“Dezasseis anos depois, constato, com tristeza, que o mundo está pior”, declarou Lula da Silva, perante os líderes das maiores economias do planeta.
O presidente brasileiro justificou a afirmação referido que está em curso “o maior número de conflitos armados desde a Segunda Guerra Mundial” e “a maior quantidade de deslocamento forçados já registada”.
Outro dos pontos apontados por Lula da Silva prende-se com “os fenómenos climáticos extremos”, com “efeitos devastadores em todos os cantos do planeta”.
“Num mundo que produz quase 6 biliões de toneladas de alimentos por ano, isso é inadmissível. Num mundo cujos gastos militares chegam a 2 triliões e 400 milhões de dólares, isso é inaceitável”, frisou.
Um discurso feito aquando do lançamento da Aliança Global contra a fome, um problema que Lula da Silva classificou como uma “chaga que envergonha a humanidade”.
"Este será o nosso maior legado", sublinhou Lula da Silva, num discurso forte, no qual frisou que a fome no mundo não é "resultado da escassez ou de fenómenos naturais", mas, sim, o "produto de decisões políticas que perpetuam grande parte da humanidade" a este flagelo.
A Aliança Global contra a fome
Aberta a todos os países, desde julho, a Aliança Global procura coordenar ações e parcerias técnicas e financeiras para apoiar a implementação de programas nacionais nos países que aderirem à proposta e ainda o financiamento de políticas públicas para a erradicação da fome e da pobreza no mundo.
Até ao momento, já aderiram à Aliança 81 países, entre os quais Portugal, 26 organizações internacionais, nove instituições financeiras e 31 organizações filantrópicas, indicou Lula da Silva.
A iniciativa procura acelerar o progresso na eliminação da fome e na redução da pobreza, superando as metas estabelecidas na Agenda 2030. Lançada pelo Brasil, será gerida com base num secretariado alojado nas sedes da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) em Roma e em Brasília, formada por pessoal especializado e funcionará até 2030. O diretor-geral adjunto para a Política Externa do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), Ricardo Vitória, é o representante português.
O número de pessoas que vivem com fome no planeta aumentou em mais de 152 milhões desde 2019, com mais de 9% da população mundial (733 milhões de pessoas) subnutrida, segundo um relatório da FAO divulgado em julho durante uma reunião ministerial do G20.
A cimeira do G20
Esta segunda-feira acontece o primeiro de dois dias da cimeira do G20, presidida por Lula da Silva, chefe de Estado brasileiro, país que este ano assumiu a liderança do grupo das 20 maiores economias do mundo, que agregam cerca de dois terços da população mundial, 85% do Produto Interno Bruto (PIB) e 75% do comércio internacional.
Entre os principais líderes presentes destaca-se o presidente cessante dos Estados Unidos, Joe Biden, e o líder chinês, Xi Jinping.
O principal ausente será o presidente russo, Vladimir Putin, representado pelo seu chefe da diplomacia, Sergei Lavrov, já que o Tribunal Penal Internacional emitiu um mandado de prisão contra Putin por crimes de guerra no conflito na Ucrânia.
Para além dos representantes dos países membros plenos do grupo, mais a União Europeia e a União Africana, são esperados representantes de 55 países ou organizações internacionais, entre os quais Portugal - país convidado pelo Brasil -, que será representado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, Angola, representada pelo seu presidente, João Lourenço, e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.
Com Lusa