Ricardo Alexandre, jornalista da TSF, diz que o Presidente francês entregou as chaves da governação à extrema-direita ao nomear Michel Barnier para o cargo de primeiro-ministro e destaca que havia outras soluções. O também comentador da SIC alerta que a Esquerda vai sair à rua, uma vez que a escolha "deixa muito a desejar".
Ricardo Alexandre acredita que o que "pesou mais" foi a vontade de o Presidente francês, Emmanuel Macron, "entregar as chaves da governação" à extrema-direita, que fica com a decisão de quem vai governar França.
Isto porque os partidos do centro "estão longe de ter uma maioria na Assembleia Nacional", vão ter o voto contra da esquerda e, portanto, quem vai decidir se o Governo "é viável" vai ser Marine Le Pen.
"Foi a solução encontrada por Macron para, na sua lógica, construir um Governo estável, mas havia outras soluções", afirma Ricardo Alexandre.
É o caso de nomes dentro da coligação da Nova Frente Popular, que ganhou as eleições em França, como Bernard Cazeneuve, primeiro-ministro entre 2016 e 2017 e próximo de François Hollande, ou nomes na direita moderada, como Xavier Bertrand.
Na SIC Notícias, Ricardo Alexandre "não tem a menor dúvida" de que a Esquerda vai "sair à rua", uma vez que Macron foi buscar o nome para primeiro-ministro à quarta força política, uma solução que "deixa muito a desejar" do ponto de vista do jogo democrático.
Além disso, o jornalista acrescenta que França vai ter de fazer "profundos cortes orçamentais", uma medida que a que a extrema-direita sempre se opôs.
A nomeação de Michel Barnier surge após duas semanas de intensas consultas políticas por parte de Macron e quando se completam dois meses da segunda volta das eleições legislativas, que resultou numa Assembleia Nacional sem uma maioria clara e extremamente dividida.
Barnier será o primeiro-ministro mais velho da Quinta República e substituirá o mais jovem de sempre a ocupar o cargo, Gabriel Attal, que tomou posse em janeiro com 34 anos.
Israel-Palestina
Já sobre a guerra Israel-Palestina, o comentador da SIC sinaliza que Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, admite que, numa primeira fase de implementação do acordo de cessar-fogo, as tropas israelitas fiquem no chamado corredor de Filadélfia, zona que divide o sul da Faixa de Gaza do Egito, para garantir que não há o regresso de túneis e tráfico de armas.
O comentador da SIC refere ainda que, do lado palestiniano, muitos cidadãos estão "cansados" da guerra e já admitem a "presença de tropas israelitas" desde que possam "voltar às suas casas".