Abdul Rahman, uma criança de dez meses, é o primeiro caso de poliomielite identificado em Gaza em 25 anos. Abdul está parcialmente paralisado e faz parte de um grande grupo de crianças que não receberam a vacinação obrigatória contra a poliomielite. A mãe, Nevine, pediu para o filho ser tratado no estrangeiro, já que a guerra dos últimos dez meses destruiu hospitais e estruturas de saúde, limitando o acesso a cuidados básicos.
O caso de Abdul gerou preocupações sobre um possível surto de poliomielite na região, especialmente devido à falta de produtos de limpeza, sobrelotação, poluição e escassez de água, fatores que a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que contribuem para a propagação do poliovírus e outras doenças infecciosas.
Em resposta, um milhão e seiscentas mil vacinas contra a poliomielite já chegaram a Gaza, conforme confirmado pelo Ministério da Saúde controlado pelo Hamas.
A União Europeia, após um apelo similar feito pelos Estados Unidos na semana passada, também pediu uma pausa humanitária para permitir a vacinação de todas as crianças contra o poliovírus.
O governo israelita confirmou que permitirá a campanha de vacinação em locais designados durante três dias, mas ainda sem uma data específica. A UNICEF estima que cerca de 640 mil crianças precisam de ser vacinadas na Faixa de Gaza.
OMS anuncia pausas humanitárias em Gaza para vacinação
A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou hoje pausas limitadas nos combates em Gaza para permitir a vacinação contra a poliomielite a centenas de milhares de crianças, após confirmado o caso de um bebé infetado.
Descritas como "pausas humanitárias" que durarão três dias em diferentes zonas do território devastado pela guerra, a campanha de vacinação terá início no domingo, no centro de Gaza, anunciou Rik Peeperkorn, representante da OMS nos territórios palestinianos.
De acordo com esta agência das Nações Unidas, seguir-se-á outra pausa de três dias no sul de Gaza e depois uma outra no norte de Gaza, de forma a terminar o processo de vacinação.
Peeperkorn explicou que pretende vacinar 640 mil crianças com menos de 10 anos e que a campanha foi coordenada com as autoridades israelitas.
"Não vou dizer que este é o caminho ideal a seguir. Mas este é um caminho possível", assegurou Peeperkorn, referindo-se a este processo.As pausas humanitárias não são um cessar-fogo entre Israel e o Hamas que os mediadores dos EUA, do Egito e do Qatar procuram há muito tempo, incluindo nas conversações que estão em curso esta semana.
Uma autoridade israelita disse que se espera que haja algum tipo de pausa tática para permitir a vacinação.
O Exército israelita já antes realizou pausas limitadas em áreas restritas para permitir operações humanitárias internacionais.
Com LUSA