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Espanha prolonga alimentos sem IVA até setembro e inclui azeite

A medida abrange vários alimentos, que incluem leite, pão, ovos, hortaliças, frutas e azeite. Depois, entre 1 de outubro e 31 de dezembro, estes alimentos passam a ter 2% de IVA. O governo estima que voltarão a ter a taxa habitual de 4% a partir de 1 de janeiro de 2025, atendendo às previsões de moderação da inflação.

Jose A. Bernat Bacete

Lusa

Espanha vai manter sem IVA até ao final de setembro vários alimentos considerados básicos, uma medida que passa a incluir também o azeite, decidiu esta terça-feira o Conselho de Ministros.

Entre 1 de outubro e 31 de dezembro, estes alimentos (que incluem leite, pão, ovos, hortaliças, frutas e azeite) passam a ter 2% de IVA (o imposto sobre o consumo), com o Governo espanhol a estimar que voltarão a ter a taxa habitual de 4% a partir de 1 de janeiro de 2025, atendendo às previsões de moderação da inflação.

O azeite passa assim a fazer parte permanentemente do grupo de alimentos considerados básicos em Espanha e aos quais é aplicada, habitualmente, uma "taxa super-reduzida" de 4% de IVA, explicou a ministra das Finanças, Maria Jesus Montero, numa conferência de imprensa esta terça-feira em Madrid, após a reunião semanal do Conselho de Ministros. O azeite estava em maio, em Espanha, 62,8% mais caro do que há um ano e aumentou 198,5% desde janeiro de 2021, segundo dados oficiais.

Em 2023, o Governo espanhol já tinha baixado o IVA do azeite de 10% para 5% e já se previa esta descida para os 0%, por fazer parte de um acordo parlamentar entre os socialistas (no Governo) e o partido Juntos pela Catalunha (JxCat). Alimentos considerados de primeira necessidade estão com IVA zero em Espanha desde janeiro de 2023 como resposta à escalada da inflação.

Várias outras medidas de resposta à inflação adotadas pelo Governo espanhol, liderado pelo socialista Pedro Sánchez, foram esta terça-feira prolongadas. Uma delas é a manutenção, até 30 de setembro, de um IVA reduzido de 5% noutros alimentos, como massas e óleos de origem vegetal.

Em 1 de outubro, o IVA destes produtos passará para 7,5% antes de voltar aos 10% normais, previsivelmente, em 1 de janeiro de 2015. Foram também prolongadas até ao final do ano as proibições de cortar a luz, o gás ou a água a consumidores considerados vulneráveis, assim como algumas tarifas e apoios sociais na energia, neste caso, até 30 de junho de 2025. Legislação aprovada em janeiro já prolongou até ao final deste ano outros descontos e reduções nas contas e no IVA da eletricidade (que esteve em Espanha nos 5% em 2022 e 2023 e passou para os 10% este ano).

Mantêm-se também em vigor até dezembro descontos nos passes para transportes públicos e nas portagens, assim como a suspensão dos despejos de famílias vulneráveis. Entre as novidades nas "medidas anticrise" aprovadas esta terça-feira há, por outro lado, descidas no IRS (imposto sobre o rendimento) para salários mais baixos.

Segundo a ministra das Finanças, as medidas esta terça-feira aprovadas relativas ao IVA e ao IRS têm um valor estimado em 3.000 milhões de euros anuais. Espanha adotou pacotes para responder à subida dos preços depois de no primeiro semestre de 2022 ter tido dos valores mais elevados da União Europeia (UE) e de em julho daquele ano ter registado a inflação mais alta no país desde 1984 (10,77%).

Espanha fechou 2022 com a inflação mais baixa da UE (5,7%) e no ano passado a taxa continuou a baixar, apesar de algumas oscilações, chegando a dezembro nos 3,1%. Segundo dos dados mais recentes, fixou-se em maio nos 3,6%.

A ministra das Finanças garantiu esta terça-feira que o Governo está a ter em consideração o pedido da Comissão Europeia para serem levantados os apoios extraordinários adotados a nível nacional para responder à escalada da inflação e daí os termos em que o Conselho de Ministros aprovou o prolongamento de algumas medidas.

Segundo Maria Jesus Montero, o Governo espanhol já aprovou medidas superiores a 120 mil milhões de euros desde 2020 para reforçar os apoios sociais e às empresas como resposta aos impactos da covid-19, da guerra na Ucrânia e do conflito no Médio Oriente. Sobre o azeite, destacou que é um alimento cujos preços têm sofrido nos últimos anos também o impacto da seca.

Espanha é o maior produtor de azeite do mundo e o segundo com mais consumo 'per capita' (a seguir à Grécia) e as estimativas oficiais é que a produção da campanha 2023/2024, que arrancou em outubro passado, seja de novo, pelo segundo ano consecutivo, historicamente baixa, embora melhor do que a anterior.

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