Riccardo Gullo, presidente da Câmara de Alicudi, uma ilha italiana do arquipélago das Eólias, na Sicília, oferece-se para doar cabras selvagens a quem tivesse disposta a acolhê-las, depois de estas terem invadido a ilha.
A ideia surgiu depois de um censo ter concluído que, nos cinco quilómetros quadrados de Alicudi, o número de cabras era seis vezes superior à população anual da ilha, que neste momento é de 100 pessoas.
Os animais, que viveram sempre ao lado dos habitantes, acabaram por se tornar uma atração turística. No entanto, o número de cabras aumentou tão rapidamente que o animal saiu dos penhascos íngremes no topo da ilha para se deslocar para a área habitada, onde as cabras danificaram a vegetação, causaram estragas nos jardins e loteamentos, derrubaram muros de pedra e invadiram as casas das pessoas. Isto levou a população a pedir uma solução urgente para o problema.
Foi assim que surgiu a iniciativa “Adote uma cabra”, considerada a forma mais delicada de resolver o problema.
“Não queremos sequer considerar o abate dos animais, por isso, estamos a incentivar a ideia de doá-los”, afirmou Riccardo Gullo. “Qualquer pessoa pode fazer o pedido de adoção de uma cabra, não é preciso ser agricultor e não há restrição de número.”
O presidente diz que já receberam vários telefonemas, inclusive de “um agricultor da ilha de Vulcano que gostaria de levar várias cabras porque, entre outras coisas, produz queijo ricota”.
"Se alguém tiver a capacidade de domesticar uma cabra, podia ser uma forma bonita e humana de controlar o problema.", acrescenta.
"É uma boa proposta, mas ainda não há uma solução logística”
Paolo Lo Cascio, antigo vereador, já tinha chamado à atenção para o aumento do número de cabras e para a necessidade de uma solução, em 2008, uma vez que já havia uma grave ameaça à vegetação.
“Mas Alicudi é uma ilha muito complicada, primeiro é preciso ter acesso à ilha e depois tentar capturar todas as cabras. Devia ter havido uma intervenção há 10 anos”, referiu.
Também a proprietária de um café local diz já ter alertado para o facto de os animais se terem tornado “incontroláveis”.
“Eles movimentam-se em bandos e causam muitos danos”, explica Gloria.
A proprietária acrescenta que os animais se costumavam sentar debaixo das mesas do café e que, apesar de serem uma “espécie de atração”, confessa que tinha medo que mordessem um cliente.
Apesar de concordar com a iniciativa, Gloria questiona a sua viabilidade porque para chegar ao topo de Alicudi, onde fica a aldeia, envolve uma subida íngreme.
“Como é que eles vão trazer as cabras de volta? Talvez fosse preciso um helicóptero para transferir dois ou três [animais] de cada vez. É uma boa proposta, mas ainda não há uma solução logística.”
Segundo o The Guardian, pensa-se que as cabras foram levadas para Alicudi pela primeira vez há 20 anos por alguém que as pretendia criar. Mas o plano caiu no esquecimento e os animais foram abandonados.
Quem estiver interessado tem até dia 10 de abril para fazer o pedido.