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Quem é a dona do Tikok e porque é que os EUA a receiam?

A aplicação TikTok está em vias de ser proibida nos Estados Unidos, na sequência de um projeto de lei aprovado na Câmara dos Representantes.

Dado Ruvic/reuters

Lusa

A gigante chinesa da internet ByteDance, conhecida mundialmente por ser dona da aplicação TikTok, nasceu há 12 anos em Pequim e tornou-se numa das empresas mais valiosas do mundo.

Atualmente, a aplicação ("app") está na mira do Congresso e Presidente dos Estados Unidos, que receiam que a China aceda a dados pessoais de milhões de norte-americanos, e exigem que se distancie da sua empresa-mãe e, de forma mais ampla, da China.

Qual é a importância da ByteDance?

A ByteDance tornou-se uma das empresas mais valiosas do mundo, com um valor estimado em mais de 205 mil milhões de euros, segundo a empresa de informação de negócios CP Insights, ficando à frente da empresa espacial de Elon Musk, a SpaceX, e da OpenAi, criadora do ChatGPT.

A ByteDance é sobretudo conhecida por criar a app TikTok, a versão internacional da aplicação Douyin (nome em mandarim), lançada em 2016 apenas para o mercado chinês.

Atualmente, o TikTok contabiliza mais de mil milhões de utilizadores. Desde a sua criação, a ByteDance diversificou a sua atividade e lançou-se em negócios como o comércio online ou as reservas de viagens, além de ter criado uma aplicação para edição de vídeos.

Presente em mais de 120 cidades de todo o mundo, conta com mais de 150.000 funcionários e as suas vendas ultrapassaram 100 mil milhões de euros em 2023, de acordo a agência de notícias económicas Bloomberg.

Não estando cotada em bolsa, a ByteDance não é obrigada a publicar os seus resultados, mas os meios de comunicação estimam que o seu volume de negócios se aproxime do das maiores empresas do mundo.

Quem é o dono do ByteDance?

O TikTok disse que 60% da ByteDance pertencia a investidores institucionais, incluindo a gestora de ativos norte-americana BlackRock.

Os fundadores da ByteDance detêm 20% das ações, sendo o restante detido pelos funcionários do grupo, segundo o TikTok.

Registado nas Ilhas Caimão, o grupo conta, entre os seus investidores, com o japonês SoftBank e o fundo de investimento americano KKR.

Também de acordo com o TikTok, três dos cinco membros do seu conselho de administração são norte-americanos.

A página de internet da ByteDance refere que uma empresa chinesa possui 1% do Douyin, mas o TikTok disse que isto decorre de uma obrigação imposta pela lei chinesa e não tem impacto nas operações internacionais da ByteDance.

Por que a ByteDance preocupa Washington?

Os deputados nos Estados Unidos estão preocupados com as ligações entre o TikTok e as autoridades chinesas, vendo um risco de os dados pessoais dos 170 milhões de utilizadores norte-americanos serem transferidos para a China.

Embora o TikTok tenha sempre negado estas acusações, um projeto de lei aprovado esta quarta-feira pela Câmara dos Representantes dos EUA visa forçar a rede social a cortar laços com a sua empresa-mãe e, de forma mais ampla, com a China.

Nos Estados Unidos, os defensores do projeto dizem que o grupo chinês ByteDance não pode ir contra os pedidos do Governo chinês.Vários estados dos EUA e o Governo federal proibiram o uso da app em dispositivos oficiais do Governo, alegando riscos para a segurança nacional.

Qual reação do ByteDance e do TikTok?

Ambos afirmam que não há risco de os dados dos utilizadores norte-americanos serem transferidos para as autoridades chinesas. O presidente executivo do TikTok, Shou Zi Chew, garantiu ao Congresso norte-americano que nunca recebeu pedidos do Governo chinês nesse sentido e assegurou que, mesmo que os recebesse, se recusaria a cumprir.

Além disso, o TikTok reestruturou a empresa para que os dados dos utilizadores dos Estados Unidos permaneçam no país.

E a China?

A China tem afirmado repetidamente que se opõe à venda forçada do TikTok."Os Estados Unidos nunca encontraram provas de que o TikTok constitua uma ameaça à sua segurança nacional", sublinhou um porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin, adiantando que proibir o TikTok nos Estados Unidos seria como "dar um tiro no próprio pé".

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