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"Desde que deixei a minha casa, vivo como um animal": 15 mil desalojados fogem da violência no Haiti

Violência intensifica-se. Todos os voos foram cancelados. Paradeiro do primeiro-ministro Ariel Henry é desconhecido.

Luísa Correia

Jorge Costa

Com a maior parte dos estabelecimentos fechados, incluindo escolas, universidades e instituições públicas, muitos tentam fugir à violência entre a polícia e grupos armados, que controlam partes de Port-au-Prince, a capital e a maior cidade do Haiti.

As Nações Unidas estimam que sejam cerca de 15 mil deslocados e nos arredores, começaram a organizar-se em acampamentos.

Nicolas é uma das milhares de vítimas da violência de grupos armados. Desde que fugiu de casa, está a viver numa escola, onde uma organização não-governamental distribui comida. O acesso a bens essenciais é cada vez mais difícil.

"Desde que deixei a minha casa, vivo como um animal", diz, para a seguir se corrigir. “Nem os animais vivem assim. Dormimos amontoados, uns em cima dos outros”, revela.

O compromisso em realizar eleições até 31 de agosto de 2025, anunciado pelo primeiro-ministro das Bahamas, fez aumentar a violência e os líderes de grupos armados insistem na demissão imediata de Ariel Henry.

Os rumores sobre o regresso do primeiro-ministro levaram a novas tentativas de tomada de controlo do principal aeroporto em Port-au-Prince. Exército e polícia foram destacados para defender o terminal. Todos os voos foram cancelados.

O estado de emergência foi imposto no fim de semana e em Port-au-Prince está em vigor um recolher obrigatório de 72 horas, que já foi prolongado para o dobro.

As prisões do Haiti, La Capitale e Coix des Bouquets continuavam de portas abertas. Esta segunda-feira, depois de no fim de semana os grupos armados terem libertado 3 600 reclusos, incluindo os próprios líderes. Há registo de pelo menos uma dezena de mortos. Alguns escolheram ficar nos estabelecimentos, por segurança.

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