Mais de 100 palestinianos morreram e centenas ficaram feridos num alegado ataque israelita à chegada de um camião com ajuda humanitária ao norte de Gaza.
O que diz Israel?
O exército israelita indicou que, às 4:40 locais da passada quinta-feira, o primeiro camião de ajuda passou por um corredor humanitário que supostamente protegia a estrada Al Rashid, a oeste da cidade de Gaza, e que garantia a segurança dos camiões até chegarem ao seu destino.
Daniel Hagari, porta-voz das FDI, indica que os tanques israelitas estavam no local para proteger a área, mas durante a operação, a multidão fez parar o camião, e as FDI disparam tiros de aviso para dispersar. Acrescenta que, nesta altura, milhares de palestinianos começaram a empurrar os camiões de ajuda, pilhando os bens. Hagari indica que as mortes são resultados de empurrões e atropelamentos.
O que se conta em Gaza?
Uma das vítimas deste ataque, Kamel Abu Nahel, indica que se deslocou com mais pessoas até ao camião porque se aperceberam da entrega de comida, numa altura em que a ajuda escasseia.
Afirma que as tropas israelitas começaram a disparar enquanto os palestinianos retiravam os bens, para fazer com que dispersassem.
Depois do tiroteio ter terminado, as pessoas tornaram a dirigir-se para os camiões e os soldados de Israel abriram fogo novamente. Nessa altura, levou um tiro na perna, e de seguida um dos camiões passou por cima dela.
Martin Griffiths, chefe da ajuda humanitária da Organização das Nações Unidas (ONU), afirma estar "horrorizado" com o sucedido.
António Guterres descreveu a situação como um massacre.
"O secretário-geral condena o incidente no norte de Gaza, no qual mais de uma centena de pessoas são dadas como mortas ou feridas enquanto procuravam ajuda vital", disse o porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric, em comunicado.
A ONU afirma que um quarto dos 2,3 milhões de palestinianos de Gaza enfrentam a fome e cerca de 80% fugiram das suas casas.