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Cravinho "profundamente chocado" com morte de mais de 100 civis em Gaza

João Gomes Cravinho. ministro dos Negócios Estrangeiros, apela a “um cessar-fogo urgente e imediato” e ao “acesso seguro à ajuda humanitária”, em conformidade com as medidas provisórias do Tribunal Internacional de Justiça.

Darko Vojinovic

SIC Notícias

Lusa

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, manifestou-se "profundamente chocado" com a morte de mais de 100 pessoas que aguardavam ajuda humanitária em Gaza, sublinhando que os civis e as operações humanitárias "devem estar seguros".

"Profundamente chocado com a morte em Gaza de mais de 100 pessoas enquanto esperavam para receber ajuda. Os civis e as operações humanitárias devem estar seguros ao abrigo do DIH [Direito Internacional Humanitário]", sublinhou João Gomes Cravinho, de acordo com uma nota na sua conta na rede social X.

O chefe da diplomacia portuguesa reforçou o apelo a "um cessar-fogo urgente e imediato e ao acesso seguro à ajuda humanitária, em conformidade com as medidas provisórias do TIJ [Tribunal Internacional de Justiça]", ainda segundo a mesma nota, divulgada em inglês.

Pelo menos 109 habitantes de Gaza morreram e 760 ficaram feridos durante a madrugada, enquanto aguardavam a chegada de ajuda humanitária transportada por uma caravana de 32 camiões, segundo o Ministério da Saúde, controlado pelo movimento islamita Hamas, que responsabilizou as tropas israelitas.

Por seu lado, o Exército israelita negou ter atacado um comboio humanitário no norte de Gaza, afirmando que os militares estavam a garantir a segurança dos camiões, e garantiu que Israel não limita a ajuda destinada aos palestinianos.

"Não houve qualquer ataque das Forças de Defesa de Israel [FDI] sobre esta ajuda. As FDI estavam a conduzir uma operação humanitária", afirmou o porta-voz do exército israelita Daniel Hagari, numa conferência de imprensa.

Antes, fontes israelitas tinham admitido à agência France-Presse ter disparado munições reais contra a multidão.

Segundo o contra-almirante, "infelizmente, dezenas de mortos e feridos" resultaram de "um incidente", ocorrido pouco antes das 05:00 locais (03:00 em Lisboa), em que "milhares de habitantes de Gaza começaram a empurrar violentamente" os camiões de ajuda humanitária e "a pilhar os bens humanitários".

As FDI, sublinhou, "estavam a garantir a segurança do corredor humanitário para que o comboio humanitário pudesse chegar ao destino, no norte de Gaza" -- uma operação que os militares fizeram nas últimas quatro noites" e, até aqui, "sem qualquer problema".

Durante esta operação humanitária, descreveu, "uma multidão emboscou o comboio, obrigando-o a parar", enquanto os tanques israelitas "tentaram dispersar a multidão com tiros de aviso".

"As centenas [de pessoas] tornaram-se milhares e os tanques retiraram-se de forma cautelosa e segura, [com os militares] a arriscar as suas próprias vidas e sem disparar sobre a multidão", disse Hagari.

As forças israelitas, garantiu, "agiram de acordo com a lei internacional".

"A nossa guerra é contra o Hamas, não contra o povo de Gaza (...). Reconhecemos o sofrimento [dos civis]", disse o representante do Exército, que garantiu que Israel está a procurar "formas de expandir esforços humanitários" no enclave palestiniano.

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