Mundo

"Isto parte o coração": milhares de turistas visitam locais em Israel que foram alvos de ataque

A SIC acompanhou um grupo de turistas norte-americanos que visitou pela primeira vez o terreno da festa donde a vida desta família mudou para sempre. A reportagem é do correspondente da SIC Henrique Cymerman.

Henrique Cymerman

Em Israel, os locais atacados no dia 7 de outubro tornaram-se novos lugares de peregrinação. Líderes políticos e religiosos internacionais, grupos judaicos da diáspora e cristãos de todo o mundo visitam os kibutz e o recinto do festival que foram alvos do Hamas.

A fronteira de Gaza no sul de Israel transformou-se num memorial. De forma espontânea, milhares de judeus de todo o mundo, grupos cristãos que apoiam Israel e personalidades políticas internacionais, visitam os kibbutz, no qual 4.000 jovens israelitas dançavam numa festa pela paz e pela natureza, no dia 7 de outubro.

Quando às 6:25 da manhã ouviram explosões de centenas de rockets lançados desde Gaza e viram paraquedistas sobrevoando o lugar da festa, pensaram que era parte da celebração, mas rapidamente entenderam que se tratava de um ataque terrorista.

O plano do Hamas era atacar os 22 kibutzs da fronteira, as cidades de Sderot e de Ofakim e, se possível, aproximar-se ao centro do país até Telavive.

“É muito importante vir aqui ver com os nossos próprios olhos, porque isso torna tudo diferente e mais real. Vemos a destruição, vemos que eram pessoas reais”, retratou Samantha Malcar, turista do Canadá.

Tortura e violência sexual

"Grupos de mulheres em todo o mundo, como não estão a gritar sobre a violação em massa que ocorreu aqui? E ainda assim, de alguma forma, todos seguem em frente com suas vidas e ignoram isso. Então viemos aqui. Trazemos grupos aqui, até mesmo grupos do exterior, para que as pessoas possam ver., tirar fotos, volte para suas cidades natais e compartilhar", disse Dov Lipman, diretor da organização de turismo judaico.

A SIC acompanhou Shai Wengert, que, com um grupo de turistas norte-americanos, visitou pela primeira vez o terreno da festa donde a vida desta família mudou para sempre.

“Este é o meu filho Omer. Omer tem 22 anos”, começou por dizer o pai do refém do Hamas ao apontar para uma fotografia. “Ele foi à festa da Nova, nesta área. Ele chegou com a sua namorada às cinco da manhã. Às 6:30 veio com a amiga Kim Danti. Infelizmente foi assassinada. A última coisa que ele escreveu a minha esposa, foi quando ela lhe perguntou como estava. Omer respondeu que não: Mãe, tenho medo”.

Os pais viram que Omer desconectou-se e só depois perceberam o que tinha acontecido.

Shai Wengert explicou ainda que o filho estava vivo e tinha sido sequestrado brutalmente, só com roupa interior, num jeep do Hamas.

“Eu sinto o Omer. Eu sei que ele está vivo. Ele é um rapaz bonito. Tem uma força mental muito grande. Isso o vai manter vivo. Mas estou muito preocupado, porque a situação é muito difícil. Os reféns que voltaram dizem o medo e o absurdo que é estar lá sequestrado um só dia”, contou Shai Wengert.

O massacre de 7 de outubro teve um impacto sem precedentes em todo o mundo judaico. O memorial da festa é um lugar de encontros surpreendentes.

Kibutzs do sul, tais como Nir Oz e Kfar Aza, queimados pelos atacantes do Hamas, são agora também lugar de peregrinação para turistas de todo o mundo. Todos os dias, há grupos judeus e cristãos que fazem cerimónias recordando os 1.200 assassinados e repetindo uma e outra vez, nunca mais.

“Isto parte o coração. É inexplicável. Não dá pra aceitar algo assim. Para uma pessoa que quer paz, que quer o bem da humanidade, isto não é aceitável. Isto não é humano”, disse, à SIC, o padre Católico de Lod Samuel.

Enquanto oram, alguns estremecem com as explosões que se ouvem a centenas de metros do lugar dentro da Faixa de Gaza. Por agora, ainda se procura qualquer luz no fim do túnel.



Últimas