Os líderes da Austrália, do Canadá e da Nova Zelândia advertiram Israel contra uma operação terrestre na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, considerando que "seria catastrófica".
Numa rara declaração conjunta, os três países da Commonwealth pediram ao Governo de Benjamin Netanyahu para "não seguir esse caminho".
"Cerca de 1,5 milhões de palestinianos refugiaram-se na região, incluindo muitos dos nossos cidadãos e das suas famílias", declarou o grupo de dirigentes dos países aliados dos Estados Unidos.
"Uma operação militar alargada seria devastadora. Exortamos o Governo israelita a não seguir esse caminho. Não há simplesmente nenhum sítio para onde os civis possam ir", disseram.
Apesar da crescente pressão internacional e de um número de mortos palestinianos que ultrapassa os 28 mil, de acordo com as autoridades de Gaza, Netanyahu está a planear um ataque a Rafah, tendo prometido na quarta-feira uma "operação poderosa".
Um dos primeiros países a reagir ao anúncio da ofensiva militar em Rafah foi Egito, que faz fronteira com a Faixa de Gaza. O país ameaçou suspender o seu tratado de paz com Israel se as tropas israelitas fossem enviadas para a cidade fronteiriça densamente povoada em Gaza.
Dois responsáveis egípcios e um diplomata ocidental - que pediram anonimato - disseram à AP que os combates podem forçar o encerramento da principal rota de abastecimento de ajuda humanitária ao território sitiado.
Ofensiva sobre Rafah será uma "catástrofe humanitária"
A ministra dos negócios estrangeiros da Alemanha também deixa avisos a Israel sobre a ofensiva em Rafah. Annalena Baerbock diz que seria uma "catástrofe humanitária" e lembra que mais de um milhão de pessoas "seguiram as ordens de retirada israelita" e fugiram para o sul da Faixa de Gaza.
"Mais de metade da população de Gaza procura atualmente abrigo em Rafah. 1,3 milhões de pessoas aguardam num espaço muito pequeno. Não têm mais nenhum sítio para onde ir", afirma Annalena Baerbock, lembrando que "estas pessoas não podem simplesmente desaparecer no ar".
A ministra lembrou ainda que muitos dos palestinianos que estão atualmente em Rafah "seguiram as ordens de retirada israelitas e fugiram das zonas de combate no norte de Gaza", uma fuga que, em muitos casos, só permitiu levar "os filhos pequenos ao colo e a última peça de roupa no corpo".
"Se o exército israelita lançasse uma ofensiva sobre Rafah nestas condições, estaríamos perante uma catástrofe humanitária", remata.
Já na terça-feira, os Estados Unidos tinham pedido a Israel para evitar uma ofensiva sobre a cidade de Rafah sem que houvesse um plano humanitário prévio para a região. No mesmo dia, a China apelou a Telavive que suspenda a operação militar “o mais rápido possível”.
No dia a seguir, o Presidente francês, Emmanuel Macron, falou ao telefone com o primeiro-ministro de Israel, tendo-lhe transmitido que as operações em Gaza "têm de parar" porque "o custo humano e a situação humanitária" são "intoleráveis".