O vice-presidente do Brasil durante o Governo de Jair Bolsonaro, Hamilton Mourão, pediu esta quinta-feira às Forças Armadas para reagirem perante a operação policial lançada contra líderes militares por suspeita de tentativa de golpe de Estado.
"Uma devassa persecutória é o que estamos testemunhando, hoje, no Brasil", criticou o general na reserva e atual senador, num discurso no Senado brasileiro.
Não podemos nos omitir, nem as Forças Armadas, nem a Justiça Militar, sobre esse fenómeno de desmando desenfreado que persegue adversários e que pode acarretar instabilidade no país", disse.
No mesmo discurso, o general na reserva insistiu que "nenhuma suposta ameaça ao Estado Democrática de Direito justifica a devassa persecutória ao arrepio da lei".
"Não vivemos em regimes totalitários, mas estamos caminhando para isso", considerou.
O ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro, antigos ministros e assessores estão a ser alvo hoje de uma operação da Polícia Federal sobre uma tentativa de golpe de Estado.
A Polícia Federal afirmou, em comunicado, que está a realizar a Operação Tempus Veritatis "para apurar organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então Presidente da República no poder".
Na operação, três apoiantes de Bolsonaro foram detidos e as casas de 24 outros foram revistadas, incluindo três antigos ministros e o antigo deputado Valdemar Costa Neto, que preside ao Partido Liberal, liderado por Bolsonaro, e ordenou a todos os investigados que entregassem os passaportes às autoridades.
O advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, indicou, através da rede social X, que o passaporte do ex-Presidente "já foi entregue para as autoridades competentes".
Golpe de Estado de janeiro de 2023
O Brasil viveu em 8 de janeiro de 2023 um ataque sem precedentes às suas instituições democráticas com milhares de radicais a exigirem um golpe de Estado contra o Presidente Lula da Silva, que tinha tomado posse no início do ano.
Milhares de apoiantes do ex-Presidente invadiram e vandalizaram as sedes do Supremo Tribunal Federal, do Congresso e do Palácio do Planalto, em Brasília, à semelhança do ocorrido nos Estados Unidos por partidários do então ex-presidente Donald Trump, derrotado nas urnas, antes da posse do atual chefe de Estado norte-americano, Joe Biden, em 06 de janeiro de 2021.