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Como é que o peixe-zebra se tornou um aliado na pesquisa de medicamentos contra o cancro

Os cientistas do Instituto Karolinska, na Suécia, confiam no potencial do peixe-zebra e acreditam que estes animais podem ser a chave para desvendar segredos de várias doenças.

Elisa Macedo

Ana Isabel Pinto

O Instituto Karolinska é a casa de cerca de 20 mil peixes-zebra. É aí que diversas investigações têm tido lugar, com recurso a este excelente organismo modelo para a pesquisa médica. Lars Brautigam, diretor científico do Instituto, explicou à agência Reuters o que torna o peixe-zebra tão especial para a evolução da investigação médica, incluindo na atual pesquisa de novos medicamentos contra o cancro.

"O genoma do peixe-zebra foi sequenciado há muitos anos e os cientistas observaram que a mutação dos genes no peixe-zebra se assemelha muito aos pacientes que têm as mesmas mutações e então perceberam que o ambiente genético do peixe-zebra e dos pacientes é o mesmo", começou por referir Lars Brautigam.

O peixe-zebra tem outras vantagens que o tornam favorável para a realização de pesquisa - reproduz-se rapidamente e em grande número. Estes animais também se desenvolvem facilmente ​e são mais baratos de criar do que os ratos, que são amplamente utilizados em pesquisas científicas.

Além disso, os peixes-zebra são claros quando são muito jovens e os embriões também se desenvolvem fora da mãe, o que é ideal para os cientistas estudarem o desenvolvimento inicial.

"O ciclo de vida curto permite que se faça experiências em tempo recorde porque tem um organismo que se desenvolve muito rapidamente e que dá a oportunidade de estudar o desenvolvimento de órgãos, de estudar o desenvolvimento do cérebro ou de diferentes tipos de doenças cancerosas em muito pouco tempo", referiu o investigador.

O diretor científico do prestigiado instituto situado em Estocolmo, capital da Suécia, avançou à Reuters que a sua equipa está agora a testar medicamentos contra o cancro em peixes-zebra, são fármacos que irão ajudar a tratar pacientes com doenças oncológicas.

"O que fazemos principalmente é transplantar células cancerígenas em embriões de peixes-zebra e depois testar novos medicamentos que serão usados ​​no futuro. Podemos testar em embriões de peixes-zebra se esses novos medicamentos são melhores do que os medicamentos já existentes", disse o investigador.

Noutros países, incluindo em Portugal, o peixe-zebra também tem sido cada vez mais um forte aliado na descoberta de novos fármacos para doenças oncológicas e em várias investigações de diferentes áreas da Medicina.

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