Saúde e Bem-estar

Uma simples impressão digital pode detetar cancro da mama

A esperança é que, no futuro, este exame não invasivo possa substituir a mamografia, aumentar o número de rastreios realizados e salvar vidas.

Catarina Solano de Almeida

Um simples teste com uma impressão digital para verificar se há cancro da mama poderá um dia substituir a mamografia, salvando vidas e dinheiro e aumentando o número de rastreios realizados, segundo investigadores da Universidade Sheffield Hallam, no Reino Unido.

As impressões digitais contêm suor e o teste analisa a composição molecular de uma impressão digital usando espectrometria de massa, um sistema que mede o peso atómico de partículas e moléculas para identificá-las.

"A maior parte da minha investigação tem sido, há quase 15 anos, em ciência forense, mas descobri há alguns anos a possibilidade de passar do diagnóstico forense para o diagnóstico médico usando o suor", explica à Reuters Simona Francese, professora de Espectrometria de Massa Forense e Bioanalítica na Universidade Sheffield Hallam,

A investigação forense de Simona Francese teve como objetivo ajudar a traçar o perfil de suspeitos de crimes, fornecendo informações sobre o seu estilo de vida usando apenas as suas impressões digitais até que percebeu que também era possível identificar marcadores de cancro.

“O suor contém muitas moléculas diferentes, mas o que nos interessa são as proteínas. O que fazemos é detetar essas proteínas, os diferentes níveis de expressão dessas proteínas, e os diferentes padrões de expressão dizem-nos se um doente tem uma patologia benigna ou um cancro inicial, ou se é metastático. E utilizamos a inteligência artificial para dar sentido a esses dados de espectrometria de massa”.

A investigação pioneira utiliza uma técnica denominada Matrix Assisted Laser Desorption Ionisation Mass Spectrometry (MALDI-MS), usando máquinas fabricadas no Reino Unido pela Waters Corporation.

"A partir de um esfregaço de uma impressão digital podemos realmente determinar amostras de controlo de amostras potencialmente cancerígenas", segundo Jim Langridge, membro científico da Waters Corporation.

A esperança é que, no futuro, um simples teste não invasivo de impressão digital possa substituir a mamografia, que não só é dolorosa, mas obriga à deslocação a um centro especializado com pessoal treinado para uma consulta que leva pelo menos 20 minutos.

No entanto, Simona Francese salienta que mamografias e biópsias são tudo o que temos atualmente para identificar o cancro da mama, pelo que incentiva todas as mulheres a realizarem estes exames.

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