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"Sem apoio, não só a Ucrânia não reconquista aquilo que a Rússia ocupa, como vai perder mais território rapidamente"

O comentador da SIC Germano Almeida analisa os pacotes de ajuda à Ucrânia prometidos por vários países ocidentais, os esforços de Zelensky para obter esses apoios, mas salienta que a Rússia aproveita as dificuldades da Ucrânia e está a preparar-se para uma grande ofensiva.

Germano Almeida

A Ucrânia precisa de mais apoios além dos anunciados pelos aliados ocidentais, a Rússia aproveita-se desta fragilidade e prepara-se nas próximas semanas para uma grande ofensiva, são as ideias fortes referidas pelo comentador da SIC Germano Almeida.

“O tempo para a Ucrânia está a esgotar-se”.

Desde o início da guerra que o Presidente Zelensky apresentou uma fórmula da paz, que passa pela retirada das tropas russas da Ucrânia, pela paragem da ofensiva russa e só a partir daí com outro tipo de condições. “Portanto, a fórmula da paz de Zelensky nunca passará por aceitação de cedência de território”.

Pacotes de apoio anunciados

O novo pacote de ajuda militar do Reino Unido à Ucrânia representa um aumento de 200 milhões de euros em relação aos dois anos anteriores. O primeiro-ministro Sunak disse que foi o maior pacote britânico desde o início da guerra: 3.000 milhões de euros para o ano todo de 2024.

A Alemanha duplicou, dos 4000 milhões que tinha previsto, vai passar para 8000 milhões, é o dobro do Reino Unido, mas o Reino Unido tem sido um aliado muito importante, a visita surpresa de Sunak a Kiev “foi muito importante e simbólica” porque foi horas depois do porta-voz do Conselho de Segurança Nacional americano dizer que acabou o dinheiro para a Ucrânia.

Germano Almeida salienta que a Ucrânia precisa de mais apoio, “vamos ser francos, 8.000 milhões da Alemanha, 3.000 milhões do Reino Unido, Países Baixos dão 2.000 milhões, França e Itália juntas vão dar este ano menos de metade da Alemanha, ou seja, não há alternativa real aos 64.000 milhões que o Presidente Biden quer aprovar por parte dos Estados Unidos”.

O chefe da diplomacia Kuleba foi muito claro ao dizer: “o tempo está a esgotar-se e é preciso que o Ocidente, os aliados ocidentais da Ucrânia, percebam que é mais barato dar agora mais apoio do que não o fazer e depois resolver o problema mais tarde”.

É um momento de definição para a guerra e sem esse reforço do apoio que tem existido até agora, a Ucrânia pode deixar de existir como a conhecemos.

“A Ucrânia como país independente, soberano e com a sua integridade territorial corre risco (…) A Rússia ocupa 20% do território ucraniano. Sabemos que a contra ofensiva ucraniana de 2023 já falhou por falta de meios. Ora, se não há uma renovação de pacote, não só a Ucrânia não reconquista aquilo que a Rússia ocupa, como vai perder mais território rapidamente".

Uma análise do Instituto de Estudos para a Guerra avança que a Rússia está a aproveitar essa vantagem e o problema ucraniano e prepara-se nas próximas semanas para uma grande ofensiva.

"Dados concretos: a Coreia do Norte já deu 1 milhão de munições à Rússia, no âmbito da cooperação militar e recentemente o Ministro dos Negócios Estrangeiros norte-coreanos esteve em Moscovo. O Irão, além dos drones shahed, vai dar mísseis balísticos e, de acordo com os serviços de informação das secretas ucranianas, cerca de 1000 russos por dia se alistam no exército russo atraídos pelos salários mais elevados do que outro tipo de funções para os jovens russos.

Os britânicos desmentiram a informação do Conselho de Segurança Nacional russo de que 500.000 russos se alistaram no ano passado, disseram que isso foi um número exagerado, mas mesmo que sejam 1.000 russos por dia, a ideia forte é que a Rússia está em vantagem, a Ucrânia está em dificuldades e só nós, Ocidente alargado, podemos salvar a Ucrânia.

“Mas salvar a Ucrânia não é salvar os ucranianos, é salvar o nosso espaço de segurança”.

Há uma expectativa muito positiva do Conselho Europeu de 1 de fevereiro ser aprovado cerca de 12,5 mil milhões de euros por ano até 2027: “É importante, sabermos que não é suficiente, mas é importante uma ajuda humanitária, porque em pleno Inverno rigoroso e com o tipo de de de ataques que os russos fazem, as estruturas vitais de apoio energético e de vida civil na Ucrânia, os ucranianos vão ter que ser ajudados também nesse aspeto”.

Sabemos que há outras frentes, a guerra no Médio Oriente, a instabilidade também agora na China, com Taiwan, há as eleições americanas ao tipo de coisas, mas não NOS podemos esquecer que na minha modesta opinião, o tema mais importante para o nosso presente e o nosso futuro, o nosso espaço de segurança é a Ucrânia.

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