Os Estados Unidos e o Reino Unido lançaram na quinta-feira uma vaga de ataques contra alvos ligados aos Houthis em várias regiões do Iémen.
Segundo o grupo rebeldes, apoiado pelo Irão, cinco combatentes foram mortos e seis ficaram feridos após os bombardeamentos.
O porta-voz militar dos Houthis, Yahya Sarea, disse numa declaração transmitida pela televisão, em Sanaá, que os Estados Unidos e o Reino Unido lançaram um total de 73 ataques contra várias províncias controladas pelos Houthis no Iémen, que mataram cinco membros e feriram outros seis.
Testemunhas relataram à Reuters que foram ouvidas explosões na capital do país, Sanaá. Um membro dos Houthis acrescentou que também foram atacadas as zonas de Hodeidah, Saada e Dhamar.
Segundo a imprensa norte-americana, estiveram envolvidos nesta operação militar caças e navios de ambos os países.
Na última madrugada, Joe Biden informou que os ataques, realizados em conjunto com o Reino Unido e com o apoio da Austrália, do Barein, do Canadá e dos Países Baixos, “foram bem sucedidos”.
“Estes ataques são a resposta direta a ataques sem precedentes dos Houthis contra embarcações marítimas internacionais no Mar Vermelho - incluindo a utilização de mísseis balísticos anti-navio pela primeira vez na história”, afirmou Joe Biden.
O Presidente dos Estados Unidos garantiu ainda que não hesitará em tomar mais medidas caso seja necessário.
O primeiro-ministro britânico também se pronunciou, avisando que o Reino Unido “defenderá a liberdade de navegação e o fluxo livre de comércio”.
Numa declaração esta noite, Rishi Sunak revelou ainda que a Marinha britânica continuará a patrulhar o Mar Vermelho para “dissuadir novas agressões Houthis”.
Entretanto, numa declaração conjunta, os 10 países envolvidos (Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Bahrein, Canadá, Países Baixos, Dinamarca, Alemanha, Nova Zelândia e Coreia do Sul) observaram que o objetivo continua a ser "reduzir as tensões e restaurar a estabilidade no Mar Vermelho".
"Não hesitaremos em defender vidas e proteger o livre fluxo do comércio numa das rotas marítimas mais críticas do mundo face às ameaças contínuas", afirmaram.
Recorde-se que, na quarta-feira, Reino Unido e Estados Unidos repeliram "o maior ataque" dos rebeldes Houthis "até à data" no Mar Vermelho.
Estes ataques marcam a primeira resposta militar dos EUA ao que tem sido uma campanha persistente de ataques de 'drones' e mísseis contra navios comerciais, desde o início da guerra entre Israel e o Hamas.
O que se passa no Mar Vermelho?
Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, a 7 de outubro do ano passado, os Houthis, que controlam uma grande parte do Iémen, intensificaram os ataques no Mar Vermelho para impedir o tráfego marítimo internacional, alegando solidariedade com os palestinianos em Gaza.
Na quarta-feira, os Houthis "lançaram um ataque complexo concebido pelo Irão no sul do Mar Vermelho, utilizando drones, mísseis de cruzeiro e um míssil balístico".
Os aparelhos aéreos não tripulados (drones) e os mísseis foram abatidos por caças do porta-aviões norte-americano Dwight D. Eisenhower, três contra torpedeiros norte-americanos e um navio de guerra britânico, o HMS Diamond.
Houthis atacam navios de guerra dos EUA e Reino Unido em resposta aos ataques
Os rebeldes houthis do Iémen lançaram hoje mísseis de cruzeiro e balísticos contra navios de guerra dos Estados Unidos e do Reino Unido no mar Vermelho, em resposta aos bombardeamentos destas forças contra várias províncias do país árabe.
Esta informação foi adiantada por fonte dos rebeldes houthis à agência de notícias espanhola Efe.
"O nosso país tem sido alvo de agressões massivas por parte de navios, submarinos e aviões de guerra norte-americanos e britânicos, e não há dúvida de que os Estados Unidos e o Reino Unido terão que estar preparados para pagar um preço alto", realçou, por sua vez, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiro houthi, Hussein al Ezzi, na rede social X.
Hussein al Ezzi também realçou que quer Washington, quer Londres, irão "suportar as terríveis consequências desta agressão flagrante".
Um porta-voz do grupo garantiu esta sexta-feira que os Houthis vão continuar a atacar navios ligados a Israel no mar Vermelho, acusando os EUA e Reino Unido de lançarem ataques injustificados.
"Não há justificação para esta agressão contra o Iémen, uma vez que não houve ameaça à navegação internacional no mar Vermelho", disse Mohamed Abdel Salam.
Numa mensagem publicada na rede social X, o dirigente garantiu que "os alvos foram e continuarão a ser navios israelitas ou aqueles que se dirijam para os portos da Palestina ocupada".
Rússia pede reunião urgente do Conselho de Segurança das Nações Unidas
A Rússia pediu para esta sexta-feira uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, após os ataques dos Estados Unidos e Reino Unido.
Na plataforma de mensagens Telegram, a Missão Permanente da Rússia junto das Nações Unidas disse esta madrugada que "solicitou uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU para 12 de janeiro em relação aos ataques dos Estados Unidos e do Reino Unido no Iémen".
Irão alerta para potencial agravamento da instabilidade no Médio Oriente
O Irão alertou esta sexta-feira que os ataques dos Estados Unidos e Reino Unido no Iémen podem agravar a instabilidade no Médio Oriente.
"Estes ataques arbitrários não terão outro resultado senão alimentar a insegurança e a instabilidade na região", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano.
Naser Kanani condenou duramente os bombardeamentos como uma "ação arbitrária, uma clara violação da soberania e integridade territorial do Iémen e uma violação do direito internacional".
Num comunicado, o diplomata justificou os ataques com o apoio dos Estados Unidos e do Reino Unido aos "crimes de guerra do regime sionista contra o povo palestiniano durante os últimos cem dias".
Kanani expressou preocupação com as consequências para a paz e segurança no Médio Oriente e apelou à comunidade internacional para agir de forma a evitar a propagação do conflito.
O porta-voz não fez qualquer menção aos 27 ataques dos Huthis a navios comerciais no mar Vermelho desde 19 de novembro, em retaliação pela guerra de Israel contra o movimento islamita Hamas na Faixa de Gaza e tendo como alvo navios com ligação a Israel.
Também hoje, um dirigente do Hamas descreveu os bombardeamentos em mais de uma dezena de locais no Iémen como "uma agressão e uma provocação a toda a nação, que indica a decisão de expandir a área de conflito para fora de Gaza".
"Isto terá repercussões", garantiu Sami Abu Zuhri, citado pelo jornal palestiniano Falastin.
O movimento libanês xiita pró-iraniano Hezbollah acusou os Estados Unidos de serem "parceiros de pleno direito" nos "massacres" cometidos por Israel na Faixa de Gaza e na Cisjordânia e manifestou solidariedade com os rebeldes do Iémen.
"Esta agressão não os enfraquecerá, mas aumentará a sua força, determinação e coragem para enfrentá-los, defender-se e continuar o seu caminho em apoio ao povo palestiniano", assegurou a milícia, citada pela rede de televisão Al Manar.
China manifesta "preocupação" após ataques contra Houthis
A China afirmou hoje estar "preocupada" com a escalada das tensões no mar Vermelho.
"A China está preocupada com a escalada das tensões no Mar Vermelho", declarou Mao Ning, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, instando "as partes envolvidas a manterem a calma e a exercerem contenção, a fim de evitar que o conflito se alastre".
Desde 19 de novembro, os Houthis lançaram 27 ataques com drones e mísseis contra navios comerciais, em retaliação pela guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza e tendo como alvo navios com ligação a Israel.