O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse, no domingo, que os líderes da União Europeia têm "ferramentas" para evitar a presença do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, à frente da instituição, não comentando a possibilidade de o sucessor ser António Costa.
"Não me quero antecipar à decisão que será tomada pelo Conselho Europeu em junho, [...] mas há várias opções e se o Conselho Europeu quiser evitar Viktor Orbán, isso é muito fácil", disse Charles Michel, falando com vários jornalistas internacionais, incluindo da agência Lusa, em Bruxelas.
Um dia após ter anunciado que iria encabeçar a lista do partido liberal francófono MR às eleições europeias de junho, com vista a poder ocupar um cargo europeu (como o de eurodeputado ou outro) no próximo ciclo institucional, Charles Michel explicou que, para evitar que o Conselho Europeu seja temporariamente liderado pelo conservador e eurocético Viktor Orbán, que assume no segundo semestre deste ano a presidência rotativa da UE, é preciso "garantir que haja uma decisão em junho" para assim "antecipar a possibilidade de o sucessor entrar em funções", logo em julho.
Acresce que, "na verdade, durante o verão, exceto se houvesse uma nova crise, em princípio não há [reuniões do] Conselho Europeu", pois só se retomam em outubro.
"O terceiro ponto é que esta regra, sob a qual Viktor Orbán poderia assumir esta responsabilidade, é uma regra que pode ser alterada por maioria simples e isto significa que existem muitas ferramentas e que, se houver vontade política, [...] várias opções podem ser utilizadas para evitar uma situação deste género", ressalvou Charles Michel.
António Costa pode ser o sucessor?
Questionado pela Lusa se o primeiro-ministro português demissionário, António Costa, o poderia suceder, Charles Michel escusou-se a "fazer comentários sobre nomes e sobre opções".
"Todos sabem que este processo de decisão é complexo e, em primeiro lugar, temos de aguardar os resultados das eleições europeias", apontou.
Falando numa "realidade particular", dados os desafios geopolíticos da UE, Charles Michel comparou que, apesar de ter sido "muito difícil tomar esta decisão da última vez", agora "haverá provavelmente uma maior preparação prévia".
"É por isso que estou otimista e confiante de que será possível tomar uma decisão muito rapidamente após as eleições europeias", adiantou.
As eleições europeias realizam-se entre 6 e 9 de junho próximo e só depois é que o Conselho Europeu se reunirá para designar o sucessor de Charles Michel. Não existem impedimentos legais á candidatura de Charles Michel às próximas eleições para o Parlamento Europeu.
Com Lusa