O número de mortos do terramoto que atingiu o centro do Japão na segunda-feira subiu para mais de 60, de acordo com um novo balanço feito, esta quarta-feira, pelas autoridades locais, dia em que o oeste do país sofreu uma nova réplica de magnitude 5,5 na escala aberta de Richter.
Um funcionário da prefeitura de Ishikawa, que não se quis identificar, falou à agência France-Presse (AFP) em mais de 60 mortos e disse que mais de 300 pessoas ficaram feridas, 20 das quais com gravidade. O último balanço apontava para 48 vítimas mortais.
O Governo português expressou na terça-feira "a mais sincera solidariedade" ao Japão, pelas vítimas do terramoto e da colisão entre dois aviões, na terça-feira, no aeroporto de Tóquio, de acordo com uma nota divulgada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros.
Numa publicação na rede social X, João Gomes Cravinho expressou "a mais sincera solidariedade ao povo e às autoridades japonesas", pelas vítimas destes dois incidentes.
Um Airbus de Japan Airlines com 379 ocupantes procedente de Sapporo, no norte do Japão, embateu, ao aterrar no aeroporto de Tóquio Haneda, com um avião da Guarda Costeira japonesa, um DHC-8, de cujos seis ocupantes apenas sobreviveu o piloto, ferido com gravidade.
Todos os passageiros e tripulantes do Airbus foram retirados em segurança da aeronave em chamas numa das pistas do aeroporto.
Sismo teve epicentro na península de Noto
O sismo de segunda-feira, de magnitude de 7,6 na escala aberta de Richter e com epicentro na península de Noto, levou as autoridades a ativar o alerta de tsunami, em vigor durante 18 horas, ao longo da costa ocidental das ilhas de Honshu e Hokkaido e do norte da ilha de Kyushu.
Os vários sismos que abalaram o centro do Japão desde segunda-feira causaram "numerosas vítimas" e danos materiais significativos, incluindo edifícios desmoronados e incêndios, afirmou o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida.
Réplica de magnitude 5,5 abala oeste do Japão
O oeste do Japão sofreu hoje uma nova réplica de magnitude 5,5 na escala aberta de Richter, depois de, na segunda-feira, um sismo de 7,6 deixar pelo menos 62 mortos na região.
O novo tremor ocorreu por volta das 10:54 horas locais (02:12 em Lisboa) a uma profundidade de 10 quilómetros, com epicentro na península de Noto, na província de Ishikawa, tal como o sismo de segunda-feira, segundo a Agência Meteorológica do Japão (JMA, na sigla em inglês), que não emitiu um alerta de tsunami.
Central nuclear deteta subida do nível do mar
A central nuclear de Shika, no centro do Japão, registou uma subida do nível do mar após o terramoto de segunda-feira e detetou danos num muro que protege um reator de tsunamis, informou, esta quarta-feira, a NHK.
De acordo com a televisão japonesa, embora o operador da central, Hokuriku Electric Power, tenha anunciado no início da terça-feira que não tinha detetado grandes flutuações no nível da água, um controlo efetuado ao fim da tarde revelou uma subida de três metros entre as 17:45 e as 18:00 locais (08:45 e 09:00 em Lisboa) de segunda-feira.
Estes níveis foram registados cerca de uma hora e meia após o terramoto, a cerca de 80 quilómetros do local onde se situa a central e que levou à ativação de um alerta de tsunami durante 18 horas.
Durante a última revisão, a empresa descobriu também que um muro de quatro metros de altura, instalado em 2011 para proteger um dos dois reatores da central, encerrada há quase 13 anos, estava inclinado vários centímetros.
Tremor danificou parte da central nuclear
O operador disse na altura que um tremor foi observado na cave do edifício do mesmo reator quando ocorreu a catástrofe. O tremor danificou dois transformadores utilizados para fornecer eletricidade aos sistemas de arrefecimento dos dois reatores, embora a empresa afirme que as duas unidades estão a receber energia de geradores a diesel com combustível suficiente para funcionar durante mais cinco dias.
Em 2011, um terramoto de 9,1 graus na escala de Richter ao largo da costa leste do Japão provocou um tsunami que causou a morte de mais de 20 mil pessoas e a fusão parcial de três reatores da central nuclear de Fukushima Daichi, naquele que foi o pior acidente nuclear desde o de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. O impacto da catástrofe foi tal que, desde 2011, apenas uma dúzia dos mais de 30 reatores nucleares japoneses foram reativados.