Com o transcorrer das semanas, descobre-se uma dimensão menos conhecida do massacre pelo Hamas no dia 7 de Outubro: a violência sexual dos terroristas contra as mulheres israelitas. Muitas vítimas foram assassinadas, e as poucas sobreviventes sentem dificuldade e vergonha em falar. Uma reportagem do correspondente da SIC no Médio Oriente, Henrique Cymerman.
“Vídeos e imagens divulgados pelo Hamas mostram, por exemplo, uma mulher morta no festival, com rigidez cadavérica, despida da cintura para baixo, com as pernas afastadas e o corpo parcialmente queimado", explica a presidente da Comissão dos Crimes do Hamas Contra Mulheres, Chocav Elkayam-Levy.
A investigadora afirma que nos últimos dois meses conseguiram recolher muita informação até mesmo sobre violações de reféns nos túneis de Gaza, mulheres e homens.
A investigadora exemplifica com mais um caso: "Um vídeo divulgado pelo Hamas mostra uma jovem raptada e levada para Gaza, cercada por homens na parte de trás de um carro, com as mãos atadas atrás da costas e uma grande mancha de sangue entre as pernas e indícios de traumatismo nos pés e braços”.
Grande parte dos testemunhos de agressões sexuais é mantida em segredo, a pedido das jovens vítimas. É por isso que a polícia respeita o anonimato tanto de vítimas como de testemunhas.
Henrique Cymerman explica que, desde o dia 7 de outubro, a polícia israelita está a recolher informação sobre os relatos de violações e de abusos sexuais cometidos pelos terroristas do Hamas.
A maioria das mulheres violadas foram assassinadas, mas há algumas reféns que voltaram recentemente e que tem dificuldade em falar publicamente.
As associações feministas afirmam que esta é um comportamento é habitual em casos de violações, no entanto, afirmam também que nunca se produziram agressões sexuais como estas em 75 anos da história de Israel.
"O Hamas recebeu instruções para cometer violações, violações em série, contra as mulheres. Violar as mulheres é um ataque à sociedade israelita. Estas mulheres estão a fazer terapia, podem estar aterrorizadas, não conseguem falar sobre o assunto e talvez nunca sejam capazes de falar sobre isso", defende a diretora executiva da Associação Luta Contra a Violência Sexual, Orit Sulitzeanu.
A ativista israelita apela às organizações feministas de todo o mundo. Não esconde a sua deceção pela reação internacional que define como “demasiado limitada, demasiado tardia”.
“As mulheres palestinianas estão a sofrer e isso deixa-me muito triste. Quem sofre mais do que ninguém numa guerra? Acima de tudo, as mulheres. As mulheres e as crianças. Violações, sadismo, não há nada pior. Foi isso que começou tudo, as violações e os massacres”, acrescenta Orit Sulitzeanu.