Depois de mais de 50 dias de bombardeamentos, a população de Gaza aproveita a trégua para procurar água e alimentos. Muitos descobrem que já não tem casa ou que perderam familiares. Com vários hospitais fora de serviço e sem condições básicas de sobrevivência, há o receio de uma vaga de mortes por doença.
As orações de nada serviram a Yasser Abu Shamaleh, que aproveitou os momentos de trégua para regressar à casa da família em Khan Younis. Só encontrou destroços. Desde 7 de outubro, conta que já perdeu até agora 37 familiares.
Ao todo, segundo as autoridades locais do Hamas, terão morrido mais de 15.000 pessoas em Gaza.
Algumas permanecem sepultadas debaixo dos edifícios, mas a Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta para uma outra causa de mortalidade ainda mais elevada se nada for feito.
Muitos doentes aguardam ao ar livre
Os hospitais entraram na mira dos militares israelitas com a suspeita de que poderiam estar a ser utilizados pelos Hamas. Vários elementos das equipas médicas estão agora sob detenção.
Com a falta de combustíveis para operar, 26 das 36 unidades de saúde do enclave estão agora fora de serviço.
Os doentes e feridos aguardam, muitas vezes, ao ar livre. A pausa nos bombardeamentos só agora permite que a ajuda comece a entrar e ainda vai tardar a chegar a todo o território.
Uma esperança sem quaisquer garantias de continuidade, após mais dois dias tréguas.