Pedro Cordeiro, editor da secção de Internacional do jornal Expresso, analisa a atualidade política do país vizinho: a Espanha, cujo Governo já tomou posse com um ministério novo. Para além disso, Pedro Sánchez terá a sua primeira viagem oficial esta semana.
Já tomaram posse os novos ministros do Governo espanhol: 22 ministros, em que apenas nove caras são novas. Não existe nenhum ministério ao encargo do Podemos, mas existe uma nova pasta, a da Habitação.
Pedro Cordeiro, editor de Internacional do Expresso, considera que este Governo será bastante político e terá de ter várias negociações e acordos para continuar até ao fim da legislatura.
“É um Governo de forte cariz político, para uma legislatura que vai ser política. Temos um Governo socialista com o Sumar, de esquerda radical, que não tem maioria absoluta no Parlamento, mas teve maioria na investidura, ou seja não garante aprovação das medidas mais importantes do Governo nem assegura os Orçamento do Estado que são fundamentais para a legislatura se cumprir”, lembra o jornalista.
Mais. Pedro Cordeiro acrescenta que “será um Governo de forte combate político, de negociação permanente com os parceiros de Governo e confronto permanente com direita espanhola” - PP e Vox - “que vão fazer um combate na própria legitimidade do Governo”. O editor de Internacional relembra que Sánchez conseguiu manter-se no poder “negociando até as franjas da legalidade” com os independentistas catalães e até partido basco ligado ao terrorismo da ETA."
Será que, no entanto, este acordo viabiliza outro caminho para que os independentistas tentem, de novo, “libertar” a Catalunha? Para Pedro Cordeiro, a vontade está sempre lá, mas duvida que Sánchez caia nessa ratoeira.
“A vontade dos independentistas será essa, não há forma de o fazer com a atual constituição espanhola e não acredito que Sánchez o faria consultivamente porque a questão pratica do resultado ia lhe ser exigida”, explica.
O jornalista de Internacional ressalva que as coisas no início serão “mais calmas”, sendo que o primeiro desafio que se encontra “no horizonte” é a lei da amnistia e é nisso que os independentistas estão focados, agora.
"Centenas de pessoas estão envolvidas em processos judiciais e esse é o principal ponto, estou convencido que Puidgmont se quer livrar da cadeia, essa será uma primeira fase e ainda vai demorar uns meses e vai haver desafios judiciais a esta lei. Depois disso, os independentistas vão querer falar de referendo, mas cada coisa a seu tempo", acautela.
Ainda antes disto tudo, Pedro Sánchez viaja a Israel na quinta-feira, a sua primeira visita oficial como chefe deste novo Governo. Para Pedro Cordeiro, a visita é importante tendo em conta os acordos e aproximação que tem tido com os partidos de esquerda espanhóis, que têm posições diferentes relativamente ao conflito isaelo-palestiniano.
"Ele vai com o primeiro-ministro belga, porque Espanha vai passar a presidência da UE à Bélgica a partir de janeiro e, por outro lado, porque Sánchez tem um governo que inclui partidos de extrema esquerda, alguns dos quais têm opiniões sobre o conflito que são fortemente divergentes do que costuma ser a norma dos governos democráticos da Europa. É uma visita de alta importância para um primeiro-ministro que acabou por tomar posse", comlcui.