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Haiti: gangue invade hospital e faz reféns mulheres, crianças e bebés

Os gangues no Haiti continuam a crescer e a fortalecer-se desde julho de 2021, quando o presidente Jovenel Moïse foi assassinado. O número de raptos e assassinatos continua a aumentar.

Um grupo fortemente armado invadiu quarta-feira um hospital no Haiti, fazendo reféns centenas de mulheres, crianças e recém-nascidos.
Odelyn Joseph

Lusa

Um grupo fortemente armado invadiu quarta-feira um hospital no Haiti, fazendo reféns centenas de mulheres, crianças e recém-nascidos, segundo o diretor clínico, que fez um apelo por ajuda através das redes sociais.

Jose Ulysse, fundador e diretor do Centro Hospitalar Fontaine na favela de Cite Soleil, na capital Port-au-Prince, confirmou o incidente numa breve troca de mensagens com a Associated Press (AP).

"Estamos em grandes dificuldades", disse.

Não existem detalhes sobre a situação e ainda não é clara a razão para os agressores terem feito reféns, segundo a AP, que não conseguiu obter mais comentários de Ulysse.

O hospital é considerado um oásis e uma tábua de salvação numa comunidade gerida por gangues responsáveis por ataques cada vez mais violentos, havendo reporte de civis que moram no bairro a serem quotidianamente violados, agredidos e mortos.

Ulysse identificou os responsáveis como membros do gangue Brooklyn, liderado por Gabriel Jean-Pierre, mais conhecido por “Ti Gabriel”, sendo também o líder de uma poderosa aliança de gangues conhecida por G-Pep, uma das duas coligações rivais no Haiti.

O gangue Brooklyn tem cerca de 200 membros e controla certas comunidades dentro de Cite Soleil, incluindo Brooklyn, estando envolvidos em extorsão, roubo de mercadorias e violência generalizada contra civis, segundo um relatório recente das Nações Unidas.

"A coligação G-Pep e os seus aliados reforçaram fortemente a cooperação e diversificaram as suas receitas, nomeadamente através de raptos para obtenção de resgate, o que lhes permitiu fortalecer a sua capacidade de luta", refere o relatório, citado pela AP.

Numa visita da agência de notícias americana ao Centro Hospitalar Fontaine no início do ano, Ulysse disse em entrevista que os gangues já o visaram pessoalmente em duas ocasiões.

Gangues continuam a crescer no Haiti

Os gangues no Haiti continuam a crescer e a fortalecer-se desde julho de 2021, quando o presidente Jovenel Moïse foi assassinado. O número de raptos e assassinatos continua a aumentar.

No início deste ano, pelo menos 20 elementos armados de um gangue invadiram um hospital gerido pelos Médicos Sem Fronteiras e retiraram um paciente de uma sala de cirurgia.

Os criminosos conseguiram acesso depois de fingirem uma emergência de risco de vida, disse a organização médica.

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