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Funcionário da ONU demite-se em protesto por falhas perante a Palestina

Um alto funcionário da ONU apresentou a sua demissão perante o que chamou de "o fracasso da ONU na Palestina".

MIKE SEGAR/Reuters

SIC Notícias

Lusa

Um alto funcionário do gabinete dos Direitos Humanos da ONU apresentou a sua demissão perante o que chamou de "o fracasso da ONU na Palestina", confirmou esta terça-feira o porta-voz do secretariado-geral, Stéphane Dujarric.

Dujarric não mencionou o nome do responsável, mas reconheceu que o gabinete de Direitos Humanos - com sede em Genebra e liderado por Volker Turk - recebeu uma carta de demissão na qual o funcionário demissionário explica "as suas razões pessoais".

Pouco depois deste anúncio, a carta de demissão foi distribuída aos jornalistas e é assinada por Craig Mokhiber, que até agora era o diretor da organização em Nova Iorque.

Nesse documento, Mokhiber argumenta que a ONU está sob "enorme pressão para que comprometa os seus princípios humanitários" e que "alguns membros na ONU, mesmo ao mais alto nível, baixaram vergonhosamente a cabeça perante o poder" quando se trata dos direitos palestinianos, embora reconheça que também há muitas pessoas na organização que se recusam a fazer concessões.

Mokhiber assegura que Israel pratica uma poderosa propaganda para se apresentar como equivalente ao povo judeu, considerando que todas as críticas ao país são o espelho de antissemitismo, o que não acontece, por exemplo, com as críticas à Arábia Saudita ou à Birmânia, que não são vistas como islamofobia ou antibudismo.

O responsável demissionário, com uma carreira na ONU que se estende por várias décadas, encoraja o futuro responsável pelo cargo que acaba de deixar a "juntar-se com orgulho ao movimento antiapartheid que está a crescer em todo o mundo (...) pelos direitos do povo palestiniano".

Há duas semanas, um alto funcionário do Departamento de Estado dos EUA também renunciou ao seu cargo pelos mesmos motivos: Josh Paul, encarregado de Assuntos Parlamentares no gabinete Político-Militar do Departamento, argumentou que o "apoio cego" do Governo de Joe Biden a Israel está a provocar decisões que são "míopes, destrutivas e contraditórias com os valores" de que se orgulha".

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