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Adeus, Paddy. Quem é Katherine Maher, a mulher que vai mandar na Web Summit?

A sucessora de Paddy Cosgrave foi anunciada esta manhã. Katherine Maher tem 40 anos. Liderou a Wikipedia, presidia ao Signal, mas começou a carreira como especialista em assuntos árabes. A invasão do Iraque fê-la mudar de rumo.

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Ricardo Costa

É uma das mulheres mais poderosas e respeitada no mundo das tecnológicas. Não por ter acumulado o poder, ou a fortuna, habituais em quem gere as grandes empresas mundiais, mas por ter liderado muitos anos a Wikipedia, o quinto site mais visitado do mundo, mas que, ao contrário dos seus “concorrentes”, não depende de publicidade nem de manter os seus visitantes o mais tempo possível nos seus sites ou apps.

Katherine Maher, 40 anos, costumava viajar entre 180 e 200 dias por ano enquanto liderava a Wikipedia. O resto do tempo, passava num pequeno apartamento de São Francisco. Não era apenas isso que a separava dos líderes das Big Techs. Os seus estudos tiveram como objetivo a carreira académica ou o trabalho em organizações internacionais de cariz político ou social.

Estudou árabe na Universidade Americana do Cairo, depois esteve em Damasco, na Síria, no Instituto Francês do Médio Oriente, e terminou a licenciatura em Estudos Islâmicos e de Médio Oriente na Universidade de Nova Iorque.

A invasão do Iraque, que ocorreu quando estava a estudar no Cairo, fê-la mudar de ideias sobre o rumo da carreira. Trabalhou para o banco HSBC em Londres, Canadá e Alemanha. Depois, para a ONU, Unicef e para o Banco Mundial, em soluções tecnológicas para problemas que vão desde o tratamento da SIDA à desnutrição.

Entrou para a Wikimedia, a fundação não lucrativa que detém a Wikipedia, para liderar a Comunicação do grupo. Dois anos depois, foi escolhida para CEO. Apesar de não depender de publicidade – ao contrário dos seus “concorrentes” gigantes -, temas como a privacidade, a liberdade de expressão e a desinformação são centrais na gestão da Wikipedia.

Com Google, Meta (Facebook e Instagram), X (ex-Twtter) e TikTok sob enorme pressão por não conseguirem - ou não fazerem esforços significativos – combater a deinformação, a Wikipedia sempre sofreu de um problema diferente: como garantir a credibilidade quando qualquer pessoa pode escrever na “maior enciclopédia” do mundo? Um tema que tem sido gerido com bastante sucesso.

Os problemas para a Wikipedia ou para os seus colaboradores (pessoas que oficialmente contribuem para os seus textos) são, sobretudo, políticos. Surgiram em países autoritários, mas também já teve problemas sérios em França ou nos EUA, embora os mais graves tenham sido com a Turquia, onde o acesso esteve proibido mais de dois anos. Na China, o acesso continua bloqueado.

Depois da Wikipedia, Maher ficou como presidente do Conselho de Administração da Signal, empresa que detém a tecnologia de comunicação encriptada e gratuita, tendo também colaborado em vários grupos ligados a políticas internacionais, nomeadamente um que aconselha o Departamento de Estado dos EUA.

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