A Rússia perdeu cerca de cinco mil soldados nas últimas duas semanas junto às localidades de Avdiivka e Maryinka, no leste da Ucrânia, afirmaram esta quinta-feira as forças ucranianas, indicando que alguns militares de Moscovo recusam-se a lutar.
"Desde 10 de outubro, o inimigo perdeu mais de cinco mil pessoas nos setores Avdiivka e Maryinka, entre mortos e feridos [em combate]. Também podemos dizer que o número de veículos blindados [russos perdidos] se aproxima de 400", disse o porta-voz das forças de defesa ucranianas, Oleksandr Stupun, citado pelo diário digital independente Euromaidan.
Stupun afirmou que as forças russas estão a tentar retirar e redistribuir reservas de outras áreas e dirigi-las para o setor de Avdiivka, na província de Donetsk, mas, em particular, os combatentes das unidades Storm-Z, referiu o porta-voz, recusam-se a lutar.
"O inimigo continua a empurrar a infantaria para a frente, eles já não estão muito ansiosos para avançar, estão a ser registados incidentes de recusa, particularmente por elementos da 'Storm-Z', e motins estão a começar em algumas unidades", descreveu Oleksandr Stupun que, no dia anterior, indicara que as investidas russas diminuíam à medida que se reagrupavam e tentavam progredir.
Segundo o Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), com sede em Washington, e que monitoriza a evolução da situação militar na Ucrânia, as tropas russas continuavam a conduzir operações ofensivas perto de Avdiivka na quarta-feira e registaram avanços.
Nesse mesmo dia, foram divulgadas declarações do ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, durante uma inspeção a um posto de comando no leste da Ucrânia, afirmando que o seu exército está a esgotar as forças armadas ucranianas
"A situação atual mostra que o inimigo tem cada vez menos oportunidades. E estas continuarão a ser reduzidas graças aos seus excecionais esforços de combate", afirmou Shoigu aos soldados na região de Donetsk, segundo o Ministério da Defesa, que não indicou a data da visita do dirigente russo.
Forçado a uma série de retiradas no norte, nordeste e sul da Ucrânia em 2022, o exército russo concentrou-se na fortificação das linhas defensivas e resistiu aos esforços ucranianos para libertar os territórios ocupados desde junho.
A visita de Shoigu, a primeira desde agosto, ocorre quando Moscovo tenta a sua própria ofensiva e pretende conquistar a cidade de Avdiivka.
As autoridades ucranianas afirmaram na terça-feira que cerca de mil civis permaneciam em Avdiivka e ordenaram-lhes que abandonassem a cidade.
"Devido ao agravamento da situação, o número de pessoas dispostas a deixar Avdiivka e cidades próximas aumentou. É mortalmente perigoso permanecer lá, porque os foguetes russos destroem casas todos os dias e enterram civis sob os escombros", escreveu o ministro do Interior ucraniano, Ihor Klymenko, na plataforma Telegram.
A chegada do outono, acompanhada de chuva e humidade, dificulta o avanço das brigadas motorizadas, e facilita o trabalho defensivo dos ucranianos em Donetsk.