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Gaza: 55 bebés internados perderão a vida, em caso de interrupção de eletricidade

Neste hospital, em que o departamento está a operar com apenas 10 dos 17 ventiladores, os medicamentos básicos são escassos e a ameaça iminente de cortes de energia põem em risco a vida de centenas de bebés e crianças.

Kathleen Araújo

Francisco Carvalho

Os médicos de cuidados neonatais em Gaza alertam para uma enorme catástrofe. Em causa está a escassez de medicamentos básicos e a ameaça de cortes de energia dos quais crianças e bebés dependem para sobreviver.

A unidade de cuidados intensivos neonatais no hospital de Al-Shifa, em Gaza, diz estar prestes a enfrentar uma enorme catástrofe.

Os medicamentos básicos são escassos e a ameaça iminente de cortes de energia põem em risco a vida de centenas de bebés e crianças.

“Como podem ver, todos os bebés aqui têm pouco peso e precisam de cuidados intensivos 24 horas por dia, mas falta-nos medicamentos básicos, como o citrato de cafeína e antibióticos como a ampicilina, a gentamicina e o surfactante”, afirma o chefe do departamento neonatal do hospital de Al-Shifa, Nasser Bulbul.

“Temos ventiladores, mas sete não funcionam, porque não temos os cabos adequados”, acrescenta.

Neste hospital, em que o departamento está a operar com apenas 10 ventiladores, em caso de uma interrupção de eletricidade em Gaza, 55 bebés acabarão por perder a vida.

Caso raro

“Temos um bebé que nasceu às 26 semanas e pesava 880 gramas. A mãe foi encaminhada do norte numa ambulância, depois de a casa ao lado ter sido atingida”, conta o médico o caso de uma das suas pacientes.

“A mãe foi encaminhada para a sala de partos e estava em pânico, com poeira e medo no rosto”, descreve.

Hospital Al-Shifa sobrelotado

Segundo um relatório da ONU, o Hospital Al-Shifa está a tratar cerca de cinco mil pacientes, tendo apenas capacidade para 700.

Alguns membros da equipa do médico Nasser Bulbul foram forçados a trabalhar noutros hospitais, nas zonas do sul de Gaza, devido aos ataques israelitas e o bloqueio de estradas.

O Ministério da Saúde da região afirmam que os ataques aéreos de Israel mataram pelo menos 4.385 palestinianos, incluindo centenas de crianças, e mais de um milhão de pessoas foram deslocadas.

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