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Desigualdades de género dificultam acesso das mulheres a cuidados de saúde

O estudo internacional foi realizado igualmente em países com diferentes níveis de desenvolvimento com o objetivo de “realçar a natureza global do problema".

Daniela Tomé

Segundo um estudo publicado na revista científica “The Lancet”, cerca de 1,5 milhões de mortes poderiam ser evitadas se as mulheres tivessem acesso a cuidados de prevenção e outras 800 mil mortes se as mulheres tivessem acesso a cuidados ótimos de saúde, segundo conta o jornal El País.

O estudo da equipa internacional foca-se na análise da abordagem ao tratamento do cancro, sendo que o acesso a informações de saúde precisas e os serviços de saúde de qualidade estiveram no centro da análise.

A comissão responsável pela produção do relatório propõe um conjunto de 10 ações, com a recomendação geral de que o sexo e o género sejam incluídos em todas as políticas e orientações relacionadas com o cancro.

“Esta comissão foi criada para investigar a intersecção entre as desigualdades sociais, o estatuto da mulher na sociedade e o cancro”, explica por e-mail a investigadora em Sistemas de Saúde do Instituto Nacional do Cancro do México e uma das autoras do estudo, Karla Unger.

“Quem está no poder decide o que é priorizado, financiado e estudado”, denuncia, referindo-se a um setor altamente masculinizado. Embora reconheça os avanços recentes, denuncia que as mulheres com cancro continuam a sofrer “várias formas de discriminação” que devem ser erradicadas.

O estudo internacional foi realizado igualmente em países com diferentes níveis de desenvolvimento com o objetivo de “realçar a natureza global do problema".

As conclusões incidem na tese de que, “independentemente da região geográfica ou dos recursos económicos”, as mulheres têm maior probabilidade do que os homens de não ter o conhecimento e o poder para tomar decisões informadas sobre cuidados de saúde.

O relatório observa que 1,5 milhões de mortes de mulheres poderiam ser evitadas através de estratégias de prevenção primária ou de deteção precoce, e outras 800.000 se todas as mulheres tivessem acesso a cuidados oncológicos ótimos., não especificando dados relativos aos homens.

As conclusão revelam de que são as mulheres , na sua maioria, que se tornam cuidadoras não remuneradas quando um membro da família sofre de problemas cancerígenos, e, inversamente, estão significativamente sub-representados como líderes em organizações de investigação e políticas .

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