José Milhazes analisa, na SIC Notícias, os mais recentes desenvolvimentos da Assembleia Geral da ONU, que decorre Nova Iorque, nos Estados Unidos da América, e o encontro que pode desbloquear o acordo dos cereais.
António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas vai encontrar-se com Zelensky, Lavrov e Erdogan para discutir um eventual acordo dos cereais ucranianos.
José Milhazes entende que se forem cumpridas determinadas cedências para a Rússia, talvez seja possível chegar a um consenso em relação a esta matéria. No entanto, alerta que a Rússia pode, à última da hora, fazer exigências.
"É possível neste campo conseguir um acordo mais facilmente do que conseguir um cessar-fogo, por exemplo", afirma o comentador.
Reunião entre Kiev e Brasília "não vai ter resultados palpáveis"
O Presidente brasileiro, Lula da Silva, e o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, têm prevista uma reunião bilateral esta quarta-feira em Nova Iorque.
O encontro deverá acontecer depois da reunião que o líder brasileiro terá com o Presidente norte-americano, Joe Biden.
José Milhazes acredita que, tendo em conta a intervenção do chefe de Estado brasileiro na sede da ONU, esta terça-feira, o encontro entre os dois Presidentes "não vai ter resultados palpáveis" e acrescenta que poderão "sair frases bonitas, mas nada mais do que isso".
Coloca a hipótese de Lula da Silva, após a reunião, mudar de posição e passar a compreender "que existe um país invasor e que existe um país invadido e que a paz não passa pela cedência de territórios da Ucrânia à Rússia".
Um dos “principais problemas em que se encontra a ONU”
Quanto a uma eventual perda de credibilidade por parte da ONU, o comentador entende que a instituição, "naquilo que é a sua principal função, que é a manutenção da paz, está morta". Prossegue referindo que esta situação manter-se-á caso não sejam feitas profundas mudanças.
"Um dos principias problemas em que se encontra a ONU é o Conselho de Segurança, constituído por cinco membros permanentes e mais uma série de países, e o direito a veto tem sido fatal para qualquer tipo de resolução dos problemas internacionais. É absurdo com este esquema do Conselho de Segurança esperar que a Rússia vá permitir a aprovação de alguma resolução que condene a Rússia pelo facto de ela ter invadido um país independente", nota.
Na sua ótica é essencial esclarecer quantos países vão passar a fazer parte do novo Conselho de Segurança, que países estarão representados e como serão as votações e as decisões tomadas.