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Sanções mudam indústria do sexo na Rússia, empresários viram-se para Ásia

O principal evento da indústria do sexo na Ásia, o Asia Adult Expo (AAE), atraiu empresários russos a Hong Kong. Esta indústria é "muito importante na Rússia, mais do que em outros países", diz Olga, que foi tradutora de um empresário russo no evento.

(Arquivo) Asia Adult Expo, em Macau, em 2011
Vincent Yu

SIC Notícias

Lusa

O regresso do principal evento da indústria do sexo na Ásia, que arrancou após um interregno de dois anos devido à pandemia, atraiu empresários russos a Hong Kong, à margem das sanções ocidentais.

Olga, uma consultora que vive há uma década na região chinesa, disse à Lusa que foi à Asia Adult Expo (AAE) para servir como tradutora para um empresário russo interessado em comprar novos produtos fabricados na China continental.

"O mercado russo é bastante grande e isto [a indústria do sexo] é muito importante na Rússia, mais do que em outros países", disse Olga, que descreve os russos como mais desinibidos no que toca à sexualidade.

Impacto das sanções à Rússia

A China é há muito um importante fornecedor de brinquedos sexuais para a Rússia, mas a consultora admitiu que as sanções ocidentais devido à invasão da Ucrânia fizeram os empresários russos virarem-se ainda mais para a Ásia.

Anna, uma empresária russa, confirmou também à Lusa o impacto das sanções, após assistir a uma palestra, no programa da AAE, onde uma convidada sublinhava o potencial do mercado do sexo na Rússia.

"As sanções fizeram com que até voar para países ocidentais seja difícil", lamentou Anna, recordando que a União Europeia fechou o espaço aéreo europeu a aviões russos logo após o início da invasão da Ucrânia.

"Esta é praticamente a primeira oportunidade que temos de falar pessoalmente com os fabricantes e de ver os novos produtos desde o início da pandemia" de covid-19, sublinhou a empresária.

"Ao longo dos últimos três anos, houve muitas empresas que surgiram, mas durante este período não houve esta plataforma de comércio cara-a-cara", lamentou Kenny Lo, diretor da Brilliant Vertical Exhibition, empresa que organiza a AAE.

Número de expositores “mais que duplicou”

Lo disse à Lusa que o evento conta com cerca de 250 expositores, um número que "mais que duplicou" em comparação com a última edição, realizada em 2019, antes do início da pandemia.

O organizador confirmou que a maioria dos expositores vem da China continental e que mais de metade são empresas novas, que participam pela primeira vez na AAE.

A China anunciou em dezembro o cancelamento da maioria das medidas de prevenção e contenção, depois de quase três anos de rigorosas restrições no âmbito da política 'zero covid', que incluía a proibição da entrada da esmagadora maioria dos estrangeiros.

Também o espaço de exposição da AAE mais que duplicou este ano, sublinhou Kenny Lo, que disse acreditar que "a maioria [dos expositores] quer mostrar os seus produtos aos compradores e clientes ao vivo".

"Por isso havia uma grande necessidade de uma plataforma física para comércio", disse o organizador da feira, que no primeiro dos três dias atraiu longas filas de visitantes.

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