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Cinco polícias detidos pela morte de jovem durante protestos em França

Mohamed Bendriss, morto a tiro em Marselha, é até agora a única vítima mortal deste episódio de violência urbana, que eclodiu em várias cidades francesas após a morte do jovem Nahel.

JUAN MEDINA/Reuters

SIC Notícias

Lusa

Novas suspeitas de violência policial em França levaram esta terça-feira à detenção de cinco agentes de uma unidade de elite francesa pela morte de um homem de 27 anos, em Marselha (sul), à margem dos motins do início de julho.

Mohamed Bendriss, morto a tiro na noite de 1 para 2 de julho em Marselha (a segunda maior cidade de França), é até agora a única vítima mortal deste episódio de violência urbana, que eclodiu em várias cidades francesas durante vários dias após a morte do jovem Nahel.

Da morte de Nahel aos (muitos) protestos

Nahel foi morto no final de junho por um polícia durante uma "Operação Stop" em Nanterre, nos arredores de Paris.

Um mês depois, o Ministério Público francês considerou "provável" que a morte do jovem tivesse sido "causada por um choque violento no peito provocado pelo disparo de um projétil do tipo 'Flash-Ball'", outra designação para Lançador de Balas Defensivo, ou LBD.

O Ministério Público de Marselha informou ter convocado outros agentes da polícia para serem "ouvidos como testemunhas".

No início de julho, quando o centro de Marselha foi assolado por atos de vandalismo e de pilhagem em protesto pela morte de Nahel, Mohamed Bendriss, de 27 anos, morreu depois de ter caído quando conduzia uma motorizada.

E foi durante a autópsia do corpo deste homem, casado, pai de um filho e cuja viúva espera um segundo filho, que foram encontrados no seu peito vestígios do que poderia ter sido o impacto de um LBD.

A 4 de julho foi aberto um inquérito judicial por "golpes mortais com arma" e confiado à Polícia Judiciária francesa, bem como à Inspeção Geral da Polícia Nacional (IGPN), a força policial.

"A família de Mohamed espera que os polícias sejam identificados e julgados", declarou à agência noticiosa France-Presse (AFP) Arié Alimi, advogado da mulher de Bendriss.

Outra vítima da violência

Até à data, poucas informações tinham sido divulgadas sobre a morte de Mohamed Bendriss, pois o caso tinha sido ofuscado por um outro que surgiu na mesma noite dos motins, o de Hedi, em que os polícias também são suspeitos de violência.

O jovem de 22 anos também foi baleado na cabeça com um LBD e foi espancado em Marselha, tendo sido necessário remover parte do crânio.

A 21 de julho, quatro polícias da brigada anticrime de Marselha foram acusados no âmbito deste processo, o que provocou uma revolta em algumas esquadras, com os agentes a entrarem em licença por doença ou a cumprirem apenas o serviço mínimo.

Hoje, o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, visitou discretamente uma esquadra de polícia em Marselha para falar com os agentes.

No total, durante os tumultos, foram abertas 31 investigações do IGPN, a força policial, disse uma fonte policial à AFP.

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