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Navalny condenado a mais 19 anos de prisão por "extremismo"

Navalny, condenado em 2022 a nove anos de prisão por fraude num processo que classificou como vingança política, estava desde junho a ser julgado à porta fechada por "extremismo".

Lusa

SIC Notícias

Um tribunal russo condenou esta sexta-feira o opositor do regime Alexei Navalny a 19 anos de prisão por "extremismo", a sua terceira e mais longa pena de prisão.

Navalny, condenado em 2022 a nove anos de prisão por fraude num processo que classificou como vingança política, estava desde junho a ser julgado à porta fechada por "extremismo", no estabelecimento penitenciário IK-6 de Melekhovo, situado a 250 quilómetros a leste de Moscovo, onde se encontra a cumprir pena.

O opositor russo era desta vez acusado de ter criado uma "organização extremista".

O grupo que fundou, o Fundo Anticorrupção (FBK), já tinha sido encerrado pelas autoridades russas em 2021 por "extremismo", não só devido às suas atividades na denúncia de corrupção, como a declarações dos seus principais funcionários.

Foi a sua quinta condenação criminal - todas elas consideradas pelos seus apoiantes como uma estratégia deliberada do Kremlin (Presidência russa) para silenciar o seu mais feroz opositor.

A acusação tinha pedido 20 anos de prisão e o próprio político de 47 anos afirmou, segundo uma mensagem divulgada na quinta-feira nas redes sociais pelos seus familiares, que esperava receber uma pena pesada, "longa, estaliniana".

"Isso não é muito importante, porque se segue o caso de terrorismo. Serão 10 anos ou mais", comentou na ocasião Navalny, que se diz alvo de uma acusação de "terrorismo" num processo à parte, do qual são até agora conhecidos muito poucos pormenores.

O político encontra-se há meses numa minúscula cela individual, também designada como "cela de castigo", por alegado incumprimento de normas disciplinares, como uma suposta falha em abotoar devidamente as suas roupas da prisão, apresentar-se adequadamente a um guarda ou lavar a cara a uma hora específica.

A acusação pediu ao tribunal que ordenasse que Navalny cumpra qualquer nova pena de prisão num estabelecimento prisional de "regime especial", um termo que se refere a prisões russas com o mais elevado grau de segurança e as mais rígidas condições de encarceramento.

A lei russa estipula que só homens condenados a prisão perpétua ou "reincidentes especialmente perigosos" sejam enviados para esse tipo de prisão.

O país tem muito menos penitenciárias de "regime especial", comparando com outros tipos de prisões para adultos, segundo dados dos serviços prisionais do Estado: 35 estabelecimentos para "reincidentes perigosos" e seis para homens condenados a prisão perpétua.

As prisões de alta segurança são o tipo mais frequente, com 251 atualmente em funcionamento.

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