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Um assassino silencioso chamado calor. Como é viver com 50 graus Celsius?

As ondas de calor, em especial na Europa, têm sido notícia quase todos os dias nas últimas semanas. Os especialistas já avisaram que estão para durar e que é preciso estarmos preparados porque o calor mata. De Londres, chega uma experiência que mostra como é viver com 50 graus.

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Sandra Varandas

O Cobaia 16 está a participar num estudo sobre o impacto do calor no corpo humano. Está cheio de fios, coberto de sensores e entra numa câmara da Universidade de Roehampton, no oeste de Londres, aquecida a 50 graus, um valor um pouco acima do recorde europeu de temperatura.

No estudo, testemunhado pela Sky News, durante uma hora, o ritmo cardíaco do Cobaia 16 aumenta enquanto tenta compensar a descida da pressão arterial.

Quando está a descansar a temperatura corporal não para de subir, mas quando passa para uma bicicleta de exercício, para simular a atividade de uma onda de calor, os números disparam.

O calor, um assassino silencioso, provocou mais de 61 mil mortes, só no verão passado na Europa. As crianças e os mais velhos são quem mais se debate com problemas devido às elevadas temperaturas.

Este ano, o cenário não está melhor. Nas últimas semanas vários recordes foram ultrapassados, em especial no continente europeu.

O alerta das Nações Unidas

As Nações Unidas já avisaram que o pior está longe de ter passado e que a onda de calor que atinge a Europa pode intensificar-se.

Os fenómenos climáticos extremos "continuarão a aumentar de intensidade" e o mundo "precisa de se preparar para ondas de calor mais intensas” e, consequentemente, para o aumento do número de ataques cardíacos perante as altas temperaturas, alerta a ONU.

“Estamos nas fases iniciais, com previsões que não são boas”, afirma John Nairn, especialista da ONU em clima.

Os dias mais quentes de sempre

A nível mundial, junho foi o mês mais quente desde que há registo, segundo a agência europeia Copernicus e as agências americanas NASA e NOAA.

A primeira semana de julho foi também a mais quente de sempre, segundo dados preliminares da Organização Meteorológica Mundial (OMM), que considera o calor um dos fenómenos meteorológicos mais mortíferos.

Visitas ao Vale da Morte

Outras zonas do mundo também têm sido afetadas pelo calor. Na cidade norte-americana de Phoenix, no estado do Arizona, já são quase três semanas consecutivas com temperaturas a rondar o equivalente a 43ºC.

Os Estados Unidos estão a passar por um clima "insuportável" e as ondas de calor duplicaram no último ano. Ainda assim, há quem escolha ir visitar o Vale da Morte, onde as temperaturas ultrapassam os 50ºC.

Portugal escapa… por enquanto

Enquanto as temperaturas batem recordes na Europa, Portugal escapa ao calor intenso. O anticiclone dos Açores está a trazer ar frio do Atlântico para o território português, atuando como proteção contra as massas de ar quente do norte de África.

À SIC Notícias, Bruno Café, meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera explica que a tendência é de que, pelo menos nas próximas duas semanas, o País mantenha valores “dentro do normal para a época ou um pouco abaixo até”.

Apesar de Portugal não estar a enfrentar a onda de calor, Carlos da Câmara disse, também à SIC Notícias, que foi “por sorte” escapar às elevadas temperaturas das últimas semanas.

“Tivemos sorte desta vez, mas estou convencido que vamos ter, certamente, uma vaga de calor a bater-nos à porta com elevada probabilidade”.

O climatologista da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Carlos da Câmara, acrescenta que o El Ninho está na sua fase inicial, mas espera-se que atinja “a sua plenitude nos finais do inverno”.

O que fazer durante os dias de mais calor?

Nos dias mais quentes é importante prestar atenção aos sinais do corpo: inquietação, fadiga, palpitações, falta de ar, náuseas ou insónias. Assim como a uma preocupação excessiva, hipervigilância e irritabilidade.

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