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"Ditadura matará a economia": israelitas nas ruas de Telavive contra a reforma judicial

Mais de seis meses depois das primeiras manifestações contra a reforma judicial que o Governo israelita quer aprovar, os protestos são cada vez mais de confrontação com a autoridade do Estado.

Lusa

Ana Isabel Pinto

Manifestantes israelitas bloquearam esta terça-feira estradas e concentraram-se em frente à bolsa de valores de Telavive e ao quartel-general militar, na mais recente ação contra a reforma judicial planeada pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu. Estão planeados mais protestos para esta segunda-feira.

Os manifestantes, muitos deles militares na reserva, formaram correntes humanas e bloquearam uma das entradas de Kirya e o quartel-general militar de Israel, no centro de Telavive

Do lado de fora da bolsa de valores, lançaram bombas de fumo, tocaram tambores, cantaram e ergueram cartazes com as frases "salve a nossa nação" e "a ditadura matará a economia".

Os protestos em Israel regressam numa altura em que os aliados de longa data do primeiro-ministro aprovaram uma proposta de lei controversa, através de um comité parlamentar, antes de uma votação, prevista para a próxima semana.

Protestos em Israel: o que está em causa?

Netanyahu, que lidera o Governo mais ultranacionalista e religiosamente conservador nos 75 anos de história de Israel, propôs uma série de mudanças drásticas no sistema judicial do país logo após assumir o cargo, em dezembro.

Os protestos em massa semanais levaram Netanyahu a suspender a reforma em março, mas o governante decidiu reavivar o plano no mês passado, depois de as negociações com a oposição terem fracassado.

As leis propostas garantem aos legisladores maior controlo sobre a nomeação de juízes e ao Parlamento o poder de anular as decisões do tribunal superior e aprovar leis impermeáveis à revisão judicial.

O projeto de lei que tramita no Parlamento esta semana elimina a capacidade do Supremo Tribunal de Israel derrubar decisões do governo que considera irracionais.

Por exemplo, os juízes usaram essa "cláusula de razoabilidade" para anular a nomeação de um importante aliado de Netanyahu como ministro do Interior, depois de aceitar um acordo judicial por fuga fiscal em 2021.

Netanyahu e os seus aliados dizem que as medidas são necessárias para conter o Supremo Tribunal excessivamente ativista composto por juízes não eleitos.

Os críticos defendem que a reforma judicial vai concentrar o poder nas mãos do primeiro-ministro israelita e dos seus aliados e minar o sistema de escrutínio do país.

Lembram ainda que Netanyahu tem um conflito de interesses, porque está a ser julgado por acusações de fraude, quebra de confiança e aceitação de subornos.

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