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Submarino Titan: "Estamos muito longe de exercer turismo" no fundo do mar

O especialista em assuntos marítimos, Matelo Diogo, confessa que a empresa tem responsabilidade perante a inseguraça e falta de verificação da estrutura e que ainda é preciso desenvolver tecnologicamente as comunicações que atravessem a coluna de água para que não haja incidentes.

SIC Notícias

Esta quinta-feira foram confirmadas as mortes dos cinco tripulantes do submarino Titan, desaparecido desde domingo. Para Hugo Matelo Diogo, especialista em assuntos marítimo, a empresa foi negligente e será importante recolher mais destroços para futura investigação.

Após se ter conhecimento que o submarino Titan não resistiu à pressão a quatro mil metros de profundidade, uma das questões mais faladas passou a ser a falta de supervisão e de certificação do equipamento.

A OceanGate contornou os normais procedimentos para este tipo de expedição, segundo Hugo Matelo Diogo.

"Atualmente, tudo o que é regulação sobre este sistema é uma página em branco. Há todo um conjunto de procedimentos legais que têm de ser previamente desenvolvidos para que estas embarcações possam ser inspecionadas e operarem em segurança", de acordo com o especialista assuntos marítimos.

Uns desses procedimentos prendem-se com questões relacionadas com a estrutura, que, ao que tudo indica, foi o principal “inimigo” dos tripulantes na visita aos destroços do Titanic.

Segundo o especialista Matelo Digo, têm de existir “inspeções periódicas, testes e regras previamente estabelecidas”.

Perante este cenário, o especialista compara com as visitas ao espaço turísticas e o que foi preciso desenvolver desde que o ser humano enviou o primeiro homem.

"Decorreram 40 anos entre o primeiro astronauta foi ao espaço e o primeiro turista espacial e ao longo desses anos houve centenas de lançamentos não tripulados, que permitiram desenvolver tecnologias, como uma elementar que serviu para por homem no espaço foi assegurar as comunicações", explica.

No que diz respeito ao mar, na coluna de água, não é possível haver comunicação, ainda. Desta forma, há enorme dificuldade de controlo remoto, e o especialista Matelo Diogo considera que “estamos muito longe nesta atividade de algum dia exercer turismo, porque as tecnologias não estão suficientemente maduras para esse efeito”.

Apesar dos perigos serem previamente conhecidos pelos ocupantes do submarino, Hugo Matelo Diogo admite que isso não desresponsabiliza a empresa OceanGate que devia ter tido o cuidado para realizar uma expedição desta envergadura.

"Como é óbvio, independentemente de haver consentimento informado por parte dos participantes que assumem todos os riscos da missão, houve uma negligência e impreparação face a uma situação de emergência", conclui.

Para Matelo Diogo é “impercetível” como uma empresa que investiu milhões de euros no desenvolvimento no submarino não tinha a bordo um ROV para lançar à água para atuar o mais breve possível.

Após esta conclusão e já não ser necessário resgate, havendo a certeza de que as vítimas do incidente estão mortas, a investigação será importante para que os mesmos erros não se voltem a cometer.

“Os corpos foram pulverizados, o que havia de corpos foi consumido pela vida marinha, não há corpos a resgatar seguramente. Agora existe um processo de investigação em curso para entender a sequência de eventos na recolha dos escombros, é importante resgatar as partes que vão contar uma história e aprender com este acidente para a tecnologia ser desenvolvida em segurança”, expõe o especialista.

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