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Um morto e dois feridos em ataque contra comunidade Yanomami do Brasil

O clima de tensão entre invasores e Yanomami vem aumentando desde janeiro, quando o Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou uma operação para retirar todos os garimpeiros que atuam na reserva.

Matias Delacroix/AP

SIC Notícias

Lusa

Um indígena morreu e dois ficaram feridos num ataque armado de garimpeiros a uma comunidade da Terra Indígena Yanomami, a maior reserva do Brasil, localizada na Amazónia, anunciaram líderes Yanomami.

O ataque ocorreu na tarde de sábado em Uxiu, uma das principais comunidades da reserva Yanomami em Roraima, um estado do norte do Brasil que faz fronteira com a Venezuela.

As três pessoas baleadas foram atendidas por médicos de um posto de saúde que funciona na reserva, mas um dos índios, com uma ferida de bala na cabeça, não resistiu aos ferimentos.

A vítima foi identificada como Ilson Xirixana, 36 anos, funcionário do posto de saúde da reserva, que sofreu cinco paragens cardiorrespiratórias antes de morrer.

Um homem de 24 anos foi atingido com dois tiros no abdómen e o outro índio baleado, de 31 anos, sofreu dois tiros no abdómen e dois numa perna.

Os dois foram levados para um hospital em Boa Vista, capital de Roraima.Segundo o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena, Júnior Hekurari Yanomami, os agressores eram garimpeiros (exploradores de metais preciosos) que atuam ilegalmente na reserva, alguns deles encapuzados, que invadiram a comunidade e atiraram indiscriminadamente contra os moradores do Uxiu.

O clima de tensão entre invasores e Yanomami vem aumentando desde janeiro, quando o Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou uma operação para retirar todos os garimpeiros que atuam na reserva.

Yanomani e os presidentes brasileiros

Lula da Silva, que assumiu o cargo em 1 de janeiro, declarou o estado de emergência na reserva após constatar uma situação humanitária e sanitária muito grave na região, causada em parte pela atividade massiva de garimpeiros ilegais, que poluíram rios com mercúrio e devastaram parte do território habitado por cerca de 30 mil indígenas.

De acordo com dados oficiais, pelo menos 99 crianças Yanomami morreram em 2022 de desnutrição, diarreia, malária e pneumonia, doenças que avançaram com uma maior presença dos invasores.

No final do Governo de Jair Bolsonaro, que incentivou a exploração económica da Amazónia, inclusive em reservas indígenas, estimava-se que havia 20 mil mineiros ilegais na Terra Indígena Yanomami.

O número foi reduzido significativamente graças a operações realizadas pelo Exército, pela Força Nacional de Segurança e pela polícia, mas ainda há invasores na reserva.

De acordo com um balanço recente dos responsáveis pela chamada Operação Libertação, desde que o Ministério da Justiça determinou a abertura de uma investigação por genocídio e crimes contra o meio ambiente na reserva, 272 acampamentos de garimpeiros ilegais foram destruídos no território Yanomami.

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