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Português denunciou casos de abusos a Dalai Lama, mas nada foi feito

Um português denunciou a Dalai Lama mais de uma dezena de casos de abusos físicos e sexuais em retiros budistas pelo mundo. O alerta foi feito em 2018, mas cinco anos depois nada foi feito. Ricardo Mendes, vítima de abusos num templo no Algarve, falou com a SIC.

SIC Notícias

Foi em setembro de 2018 que um grupo de vítimas de alegados abusos físicos e sexuais relatou a Dalai Lama alguns episódios de que foram alvo. Um dos elementos é Ricardo Mendes, o português que consegui reunir dezenas de vítimas que viveram em reclusão nos diversos templos da congregação budista Ogyen Kunzang Choling, conhecido por OKC. O grupo entregou a Dalai Lama um livro com 12 casos de alegadas vítimas de abusos em retiros budistas espalhados pelo mundo.

Na mesma altura, Dalai Lama garantiu que já tinha conhecimento de abusos desde os anos 90 e, num encontro com crianças, também em Roterdão, até encorajou outras vítimas a manifestarem-se.

Ricardo Mendes, em entrevista à SIC, contou que foi no chamado templo de Humkara Dzong, no Algarve, que ocorreram alguns desses abusos. Ele próprio foi vítima e não esquece a tortura que viveu por adormecer no templo ou responder ao educador, Robert Spatz, alegado abusador.

O professor budista de origem belga foi julgado, no seu país de origem, por crimes de abusos físicos, sequestro de menores e abusos sexuais. Mais de vinte homens e mulheres denunciaram os casos, alguns já prescritos. Dez destas vítimas são portuguesas. Robert Spatz foi condenado a cinco anos de prisão com pena suspensa.

A SIC contactou a União Budista Portuguesa que garantiu que não tem conhecimento de nenhuns abusos fisicos e sexuais na comunidade budista em Portugal. Relativamente à associação OKC, em Portugal, foi excluida da União Busdista Portuguesa em 2015.

Esta semana, um vídeo que se tornou viral mostrou o líder espiritual tibetano a dar um beijo a um menino a quem pediu para lhe “chupar a língua”. O caso está a provocar indignação. As alegadas vítimas de abusos condenam o comportamento e afirmam que o monge budista não se pode desculpar com o argumento de diferenças culturais.

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