O Presidente brasileiro e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, negou, esta quarta-feira, que as Forças Armadas tivessem auditado as urnas eletrónicas utilizadas na primeira volta das eleições de 2 de outubro.
"As Forças Armadas não fazem auditorias", disse Bolsonaro aos repórteres, inquirido sobre uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que convocou o Ministério da Defesa para apresentar o relatório dos testes que alegadamente realizou nas urnas no dia da primeira volta.
"As Forças Armadas não fazem auditoria. Lançaram equivocadamente. A Comissão de Transparência Eleitoral não tem essa atribuição. Então, furada, fake news”, afirmou, Bolsonaro, no Palácio da Alvorada, em Brasília.
Estes testes, negociados com o TSE, foram uma consequência da pressão exercida pelo próprio Bolsonaro, como parte de uma campanha para desacreditar o sistema de votação eletrónica que o Brasil adotou em 1996 e que até à data não tem sido objeto de alegações de fraude.
Após a primeira ronda, o líder brasileiro afirmou que iria esperar pelo "relatório" das Forças Armadas antes de dar a sua opinião sobre a transparência do processo.
Dois dias mais tarde, o TSE informou que não tinham sido detetadas irregularidades, mas mesmo assim o Ministério da Defesa permaneceu em silêncio sobre as suas provas, que segundo a imprensa local foram entregues em privado a Bolsonaro.
Na terça-feira, em resposta a estes relatórios, o TSE apelou aos militares para que tornassem públicos os relatórios.
"A realização da auditoria pelas Forças Armadas" e "a entrega do resultado ao candidato à reeleição parecem demonstrar a intenção de satisfazer a vontade eleitoral expressa pelo chefe do executivo", disse o presidente do TSE, Alexandre de Moraes.
Segundo o magistrado, isto poderia constituir, "em teoria, um desvio de objetivo e abuso de poder" por parte das Forças Armadas.