O Papa Francisco aprovou esta quinta-feira em "Motu Proprio", um decreto papal, a reforma da influente e conservadora organização católica Opus Dei.
Com o título "Ad charisma tuendum" ("Para proteger o carisma"), o documento divulgado pelo Vaticano em julho, e que agora entra em vigor, visa reduzir "o poder e a independência" da organização dentro da Igreja e demarcá-la do papado de Francisco, segundo explicaram especialistas em religião à agência France-Press.
Entre as mudanças, a que mais se destaca é que o líder da Opus Dei - o prelado - não será mais um bispo, como tinha sido estabelecido pelo Papa João Paulo II, e não poderá usar vestes episcopais. Para além disso, a organização passa a depender de Dicastério (equivalente a um Ministério) do clero e deverá apresentar anualmente a este órgão um relatório sobre a situação interna e o progresso do trabalho apostólico.
Manuel Sanchez, porta-voz da Opus Dei, já reagiu à AFP:
"Alguns interpretaram as disposições da Santa Sé como uma desclassificação ou perda de poder. Não estamos interessados neste tipo de raciocínio, porque para um católico não faz sentido o poder", disse.
Para Jesús Bastante, do site espanhol Religião Digital, "Francisco procura pôr fim a uma estrutura excessivamente hierárquica", 40 anos depois da elevação da Opus Dei ao título de prelazia pessoal por João Paulo II.
Fundada em 1928 em Espanha por um jovem padre, Josemaría Escrivá de Balaguer, a organização tem cerca de 90.000 membros em 80 países, a maioria na Europa e América.