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Tiroteio em escola no Texas: polícia investiga a porta que deveria ter trancado mas que deixou o atirador entrar

Primeiras informações acusam uma professora de ter deixada uma porta exterior aberta.

Uma porta exterior da Robb Elementary School não trancou quando foi fechada por uma professora pouco antes de um atirador entrar e matar 19 alunos e duas professoras, revelou a polícia do Texas.

Inicialmente a polícia disse que uma professora tinha deixado a porta aberta pouco antes de Salvador Ramos ter entrado na escola em Uvalde, Texas, a 24 de maio.

Ficou agora determinado que a professora, que não foi identificada, colocou uma pedra na porta aberta mas que depois removeu-a para a porta fechar quando percebeu que havia um atirador na escola, disse Travis Considine, diretor de comunicações da Departamento de Segurança Pública (DPS) do Texas. No entanto, a porta que foi projetada para trancar quando fechada não ficou trancada.

“Nós verificamos que a professora fechou a porta. A porta não trancou. Sabemos disso e agora está a ser investigado porque não trancou”, disse Considine citado pela AP.

Os investigadores confirmaram este pormenor após a análise das imagens de videovigilância feita depois da conferência de imprensa de sexta-feira, altura em que as autoridades disseram pela primeira vez que a porta tinha sido deixada aberta. As autoridades não informaram na altura o que tinha sido usado para abrir a porta.

Considine disse que a professora inicialmente abriu a porta, mas regressou a correr para dentro para ir buscar o seu telefone e ligar para o 911 [número de emergência] na altura em Ramos chocou com o seu veículo já dentro do campus.

“Ela [professora] voltou enquanto estava ao telefone, ouviu alguém a gritar: ‘Ele tem uma arma!’, viu-o a saltar a cerca e viu que ele tinha uma arma, então ela correu de volta para dentro” e removeu a pedra, disse Considine.

Na sexta-feira, Steve McCraw, chefe do DPS do Texas, não disse por que razão a professora tinha aberto a porta. A primeira menção de uma porta deixada aberta, que as autoridades agora dizem que não aconteceu, levou a perguntas sobre as ações da professora e se ela teria cometido um erro terrível.

Cronologia dos acontecimentos com lacunas e informações contraditórias

Desde o tiroteio, as autoridades policiais e estaduais têm feito esforços para apresentar uma cronologia precisa com detalhes do que aconteceu e como a polícia respondeu. Mas por vezes fornecem informações contraditórias e outras acabam por negar horas depois. A polícia estadual disse que alguns relatos são preliminares e podem mudar à medida que mais testemunhas forem entrevistadas.

O advogado de San Antonio, Don Flanary, disse ao San Antonio Express-News que a funcionária da Robb Elementary School, que ele não identifica, primeiro abriu a porta para levar comida de um carro para uma sala de aula e que imediatamente a fechou quando percebeu o perigo.

“Ela chutou a pedra quando voltou. Ela lembra-se de fechar a porta enquanto dizia ao 911 que estava um atirador ativo”, disse Flanary ao jornal.

“Ela pensou que a porta iria trancar porque essa porta deveria trancar sempre”, disse Flanary.

Polícia responsável pelo comando das operações investigado

Os investigadores também estão a tentar entrevistar o chefe de polícia do distrito escolar independente de Uvalde, Pete Arredondo, que a polícia estadual disse ser o comandante no momento do tiroteio na escola. Arredondo não respondeu a vários pedidos de comentários da Associated Press.

O chefe do DPS do Texas, McCraw, disse que Arredondo tratou a operação como se fosse uma situação de reféns e como se as crianças não estivessem em perigo, enquanto 19 polícias esperavam no corredor da escola, do lado de fora da sala de aula onde Ramos estava.

McCraw disse que essa foi uma “decisão errada”, dizendo que o foco da investigação mudou para Arredondo e para a resposta da polícia.

Outros polícias da cidade de Uvalde e das escolas continuam a prestar declarações, mas Arredondo ainda não respondeu aos pedidos do DPS, disse Considine.

Na terça-feira, a Combined Law Enforcement Association of Texas (CLEAT), que representa os agentes da polícia, pediu aos seus membros que cooperem com “todas as investigações do governo” sobre o tiroteio e sobre a resposta policial e apoiou a investigação federal já anunciada pelo Departamento de Justiça.

A organização também criticou a constante mudança da narrativa sobre os eventos desse dia.

“Houve uma grande quantidade de informações falsas e enganosas após esta tragédia. Algumas das informações vieram dos mais altos níveis do governo e da lei”, afirma a CLEAT. “Fontes em que os texanos confiavam plenamente ​​revelaram-se agora falsas”, acusa.

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