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Ucrânia: Putin e Macron discutiram “garantias de segurança” de Moscovo

A Rússia é acusada pelos países ocidentais de ter reunido até 100 mil soldados na fronteira ucraniana, preparando-se para um ataque militar.

Os chefes de Estado russo e francês, Vladimir Putin e Emmanuel Macron, falaram esta segunda-feira ao telefone, pela segunda vez em quatro dias, para discutir a crise na Ucrânia, revelam fontes oficiais da Rússia e de França.

“A troca de pontos de vista prosseguiu sobre a situação na Ucrânia e a apresentação à Rússia de garantias de segurança de longo prazo e juridicamente estabelecidas”, diz o Kremlin em comunicado.

De acordo com a Presidência russa, Putin “falou mais uma vez em pormenor sobre abordagens fundamentais a esses problemas”.

Os dois dirigentes, que também tinham falado na última sexta-feira, concordam em prosseguir os contactos, mas também, segundo o Kremlin, em estudar “a possibilidade” de se encontrarem pessoalmente.

“Esta interação segue-se às conversas do Presidente da República [Emmanuel Macron] com os seu homólogos russo e ucraniano na sexta-feira, 28 de janeiro, e insere-se na mesma lógica de cessar-fogo”, indica, por sua vez, o Palácio do Eliseu.

De acordo com a Presidência francesa, os “dois presidentes saúdam o progresso positivo no Formato Normandia”, a configuração que abrange conversações com a Rússia, Ucrânia, Alemanha e França para resolver o conflito no leste ucraniano.

Uma invasão russa na Ucrânia?

A Rússia é acusada pelos países ocidentais de ter reunido até 100 mil soldados na fronteira ucraniana, preparando-se para um ataque militar.

No entanto, os Estados Unidos e o Reino Unido intensificaram as ameaças de novas sanções contra a Rússia.

A Rússia tem negado qualquer plano para atacar a Ucrânia, exigindo garantias escritas para a sua segurança, incluindo a rejeição da adesão da Ucrânia à NATO e o fim do reforço militar da Aliança Atlântica no leste europeu.

Esta consideração, no entanto, foi rejeitada pelos Estados Unidos na última semana, numa resposta por escrito a Moscovo. O Kremlin diz que está a refletir sobre a sua reação.

Sanções a caminho

Esta segunda-feira, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, avisa que os Estados Unidos prepararam “sanções específicas contra membros da elite russa”, a aplicar se a Rússia atacar a Ucrânia, especificando que os alvos serão pessoas próximas do Kremlin.

Washington identificou “membros pertencentes ou a gravitar em torno do círculo interno do Kremlin”, adianta Psaki, indicando que essas pessoas eram “alvos particularmente vulneráveis” para sanções, por causa das relações financeiras com alguns países ocidentais.

“Este é apenas um elemento entre outros, desejado por nós, para atingir a Rússia de todos os ângulos” no caso de um ataque, acrescenta.

O Reino Unido, um dos destinos preferidos para investimentos da elite russa, também anuncia esta segunda-feira que vai endurecer o seu arsenal de possíveis sanções contra pessoas ou empresas russas.

A Casa Branca vem demonstrado há alguns dias os detalhes das sanções maciças que os norte-americanos prometem impor à Rússia no caso de uma escalada militar.

Os Estados Unidos, por exemplo, já começaram a cortar o acesso dos bancos russos às transações em dólares e a proibir a comercialização de tecnologia norte-americana para a Rússia.

A reação de Joe Biden

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, manifesta-se esta segunda-feira disposto a continuar o diálogo com a Rússia sobre a crise ucraniana, mas adverte para “consequências rápidas e severas” do abandono por Moscovo da diplomacia e de um ataque à Ucrânia.

Numa declaração divulgada esta segunda-feira, para coincidir com o início de uma reunião sobre a crise ucraniana no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), Joe Biden defende que os EUA apresentaram “em pormenor a natureza completa da ameaça da Rússia à soberania e integridade territorial da Ucrânia”.

Afirma ainda que Washington esclareceu as implicações desta ameaça “não só para a Ucrânia, mas para os princípios fundamentais da Carta das Nações Unidas e da ordem internacional moderna”.

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