Os Estados Unidos apelaram hoje a Myanmar para libertar "imediatamente" o jornalista norte-americano Danny Fenster, detido em maio e agora sujeito a ser condenado a prisão perpétua, após uma nova acusação de terrorismo e sedição.
"Danny deverá ser libertado imediatamente. A sua manutenção na prisão é inaceitável. O jornalismo não é um crime", declarou um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano.
Dizendo estar "a par" das novas acusações feitas a Fenster, o porta-voz condenou "a natureza profundamente injusta da prisão de Danny".
O jornalista, que foi detido quando tentava sair do país, em maio, e era já perseguido por incitação à dissidência, associação ilegal e por ter infringido a lei da imigração, foi agora indiciado por dois novos crimes, terrorismo e sedição, declarou esta quarta-feira o seu advogado, Than Zaw Aung, citado pela agência noticiosa francesa AFP.
Condenação ao abrigo da lei contra o terrorismo pode representar pena de prisão perpétua
Uma condenação em Myanmar ao abrigo da lei contra o terrorismo pode equivaler a uma pena de prisão perpétua.
As novas acusações feitas ao jornalista norte-americano de 37 anos surgem dias depois de o antigo diplomata e negociador de reféns dos Estados Unidos Bill Richardson se ter encontrado com o líder da junta militar, Min Aung Hlaing, na capital de Myanmar, Naypyidaw. Os dois homens discutiram a entrega de vacinas contra a covid-19 e material médico, de acordo com os militares.
O exército não disse se o caso de Danny Fenster foi abordado por Bill Richardson, que no passado esteve envolvido em negociações para a libertação de reféns norte-americanos em todo o mundo.
Fenster terá contraído covid-19 durante o período na prisão, disseram membros da sua família, numa conferência telefónica com jornalistas norte-americanos, em agosto.
Golpe militar de 1 de fevereiro pôs fim a um breve parêntesis democrático
O golpe militar de 1 de fevereiro pôs fim a um breve parêntesis democrático de uma década no país. Desde então, o exército reprimiu violentamente as manifestações contra o regime, em ações que levaram à detenção de cerca de sete mil pessoas e à morte de pelo menos 1.200 civis, de acordo com a organização não-governamental Associação de Assistência aos Presos Políticos, que registou casos de tortura, violações e execuções extrajudiciais.
A junta militar também reforçou o controlo da informação, limitando o acesso à Internet e cancelando as licenças dos órgãos de comunicação social.