O Irão anunciou esta quarta-feira a criação de um fundo para pagar indemnizações às famílias das 176 vítimas mortais do avião civil ucraniano que as forças iranianas abateram acidentalmente em janeiro passado.
A televisão estatal iraniana, citando a Presidência da República Islâmica, avançou que Teerão vai pagar 150 mil dólares (cerca de 122,1 mil euros) por cada vítima, sem especificar datas para a concretização do pagamento.
"O executivo aprovou a disposição de 150.000 dólares para as famílias e sobreviventes de cada uma das vítimas da queda do avião ucraniano o mais rápido possível", precisou, por sua vez, a agência noticiosa Irna, citando também a Presidência iraniana.
Este anúncio surge numa altura em que as famílias das vítimas se preparam para assinalar o primeiro aniversário do acidente, ocorrido em 08 de janeiro deste ano, e representantes diplomáticos dos países que perderam cidadãos continuam a pressionar o Irão para que exista mais cooperação no processo de investigação do incidente e nas questões relacionadas com as indemnizações.
Em 8 de janeiro, um Boeing 737 da companhia aérea privada ucraniana UIA, que fazia a ligação entre Teerão e Kiev, despenhou-se pouco tempo depois de ter descolado do aeroporto internacional da capital iraniana.
Em 11 de janeiro, o Irão acabaria por assumir responsabilidades no derrube do aparelho, tendo informado então que o avião civil ucraniano tinha sido abatido inadvertidamente por militares iranianos que o tinham confundido com um míssil de cruzeiro devido ao estado de alerta decretado por causa do agravamento da tensão entre Teerão e os Estados Unidos.
Dias antes do acidente, em 3 de janeiro, o general iraniano Qassem Soleimani, emissário da República Islâmica no Iraque, foi morto num ataque em Bagdad ordenado por Washington, acontecimento que foi retaliado pelo Irão e aumentou os receios de um escalar da violência na região.
Após as autoridades do Irão terem reconhecido a sua responsabilidade, evocando um "erro humano", foram registadas manifestações no país contra o sistema da República Islâmica.
Todos os 176 ocupantes do voo da Ukraine International Airlines (UIA), 167 passageiros e nove membros da tripulação, morreram.
A maioria das vítimas tinha nacionalidade iraniana (82) e canadiana (57), mas também estavam a bordo cidadãos da Ucrânia (11), Suécia (17), Afeganistão (4) e do Reino Unido (4).
Durante meses, os Governos dos cinco países mais afetados exigiram que Teerão assumisse "total responsabilidade" pelo acidente e atribuísse indemnizações às famílias das vítimas em conformidade com os acordos internacionais.
Os cinco países envolvidos não comentaram até ao momento o anúncio de Teerão.
"Estas indemnizações não impedem o processo do aspeto criminal do caso perante a autoridade judicial competente", garantiu igualmente hoje a Presidência iraniana, ainda citada pela agência Irna.
O ministro dos Transportes e do Desenvolvimento Urbano iraniano, Mohammed Eslami, avançou hoje, por sua vez, que "o relatório final" do acidente será "em breve" disponibilizado ao público "em persa e em inglês".
"O proprietário do avião, a Ucrânia, e a Boeing estiveram presentes durante o inquérito", indicou o ministro, também citado pela agência iraniana Irna.
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