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Há um buraco negro mais próximo da Terra do que se pensava

Está a apenas 1000 anos-luz de distância e é possível "vê-lo" a olho nu.

Imagem artística do sistema triplo com o buraco negro mais próximo da Terra alguma vez detetado.
ESO

Catarina Solano de Almeida

É silencioso, invisível e não é violento, mas os astrónomos não têm dúvidas de que é um "buraco verdadeiramente negro". E conseguiram "vê-lo" a olho nu, numa noite escura e límpida no hemisfério sul, sem binóculos ou telescópio. Está a apenas 1000 anos-luz de distância o que o torna o buraco negro mais próximo do nosso Sistema Solar.

Com o potente telescópio MPG/ESO situado no Observatório de La Silla, no Chile, uma equipa de astrónomos do Observatório Europeu do Sul (ESO) estava a "perseguir" duas estrelas para um estudo sobre sistemas sistemas estelares duplos.

E ao analisar os dados recolhidos perceberam que, escondido, havia um terceiro corpo desconhecido.

"As observações levadas a cabo com o espectrógrafo FEROS montado no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros em La Silla mostraram que uma das duas estrelas visíveis orbita um objeto invisível com um período de 40 dias, enquanto a segunda estrela se encontra a maior distância do par mais interior", segundo o comunicado do ESO.

Este buraco negro escondido no sistema HR 6819, na constelação de Telescópio, é o que se encontra mais próximo do nosso Sistema Solar do que qualquer outro encontrado até à data.

“Este sistema contém o buraco negro mais próximo da Terra que conhecemos”, anuncia Thomas Rivinius, cientista do ESO que liderou o estudo publicado a 4 de maio na revista da especialidade Astronomy & Astrophysics.

A apenas 1000 anos-luz de distância da Terra, "o sistema encontra-se tão perto de nós que as suas estrelas podem ser vistas a partir do hemisfério sul numa noite escura e límpida sem binóculos ou telescópio".

“Ficámos bastante surpreendidos quando compreendemos que este é o primeiro sistema estelar com um buraco negro que podemos observar a olho nu,” afirma Petr Hadrava, cientista emérito da Academia de Ciências da República Checa em Praga e co-autor deste trabalho.

"Silencioso e invisível (...) parece ser verdadeiramente negro"

Invísivel e silencioso já se sabe que são características de um buraco negro. Mas não ser violento é novidade.

"O buraco negro escondido no HR 6819 é um dos primeiros buracos negros estelares descoberto que não interage violentamente com o meio que o circunda e portanto parece ser verdadeiramente negro".

Até à data, os astrónomos descobriram apenas cerca de duas dúzias de buracos negros na nossa galáxia, quase todos em interação violenta com o seu meio envolvente e dando provas da sua presença pela emissão de fortes raios X.

“Um objeto invisível com uma massa de pelo menos 4 vezes a massa do Sol, só pode ser um buraco negro", garante Thomas Rivinius.

Podem estar escondidos muitos mais buracos negros na Via Láctea

Os astrónomos acreditam que esta pode ser apenas a ponta do iceberg e que podem existir outros buracos negros semelhantes.

"A descoberta de um buraco negro silencioso e invisível no sistema HR 6819 fornece-nos pistas sobre onde possam estar escondidos muitos dos buracos negros da Via Láctea".

“Devem haver centenas de milhões de buracos negros, mas nós apenas conhecemos alguns. Saber o que procurar dá-nos agora uma melhor oportunidade de os encontrar”, explica Thomas Rivinius.

"Situado na constelação do Telescópio, o sistema encontra-se tão perto de nós que as suas estrelas podem ser vistas a partir do hemisfério sul numa noite escura e límpida sem binóculos ou telescópio", explica o ESO em comunicado..

O que são buracos negros

São corpos extremamente densos e escuros no centro das galáxias de onde nada escapa, nem mesmo a luz.

A deformação do espaço-tempo provocada por um buraco negro é descrita pela Teoria da Relatividade Geral de Einstein.

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