Quarenta e quatro manifestantes formalmente acusados de participarem em tumultos durante os protestos de domingo em Hong Kong foram hoje libertados sob fiança, noticiou a imprensa local.
Um outro ativista acusado de posse de arma ilegal foi também libertado, segundo o Hong Kong Free Press.
A maioria dos manifestantes ficou sujeita a recolher obrigatório e terá de se apresentar à polícia todas as semanas.
À porta do tribunal, e apesar das fortes chuvas e rajadas de vento que se fazem sentir no território devido à aproximação de um ciclone tropical, uma multidão de pessoas reuniu-se numa manifestação de apoio aos ativistas.
Na terça-feira, os relatos de que os 44 detidos iam ser formalmente acusados por participarem em motins - um crime punível em Hong Kong com uma pena até dez anos de prisão - foi seguido de novos confrontos entre manifestantes a polícia.
As autoridades tiveram de recorrer a gás pimenta para dispersar os manifestantes.
No mesmo dia, manifestantes interromperam de manhã alguns serviços do metropolitano de Hong Kong, bloqueando as portas e impedindo a saída dos passageiros.
Na segunda-feira, o Governo chinês renovou o seu apoio à líder do executivo de Hong Kong, Carrie Lam, e à polícia local, e pediu o "restabelecimento da ordem o mais brevemente possível", nesta ilha que é uma importante praça financeira internacional.
A contestação nas ruas foi iniciada contra uma proposta de lei que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial chinesa a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.
A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e denunciam aquilo que os manifestantes afirmam ser uma "erosão das liberdades" na antiga colónia britânica.
Os manifestantes exigem assim uma resposta do Governo de Carrie Lam a cinco reivindicações: retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que os protestos de 12 de junho e 01 de julho não sejam identificados como motins, um inquérito independente à violência policial e a demissão da chefe do Executivo.
A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respetivamente, decorreu sob o princípio "um país, dois sistemas", precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa.
Para as duas regiões administrativas especiais da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.
Lusa