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Futuro ministro de Bolsonaro defende recurso a atiradores contra criminososos

O general Augusto Heleno, já confirmado pelo Presidente eleito brasileiro, Jair Bolsonaro, como seu ministro da Defesa, apoiou hoje a polémica proposta do governador eleito do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, de usar atiradores de elite contra criminosos.

"A minha regra de engajamento no Haiti era muito parecida com essa que o futuro governador colocou. É óbvio que muita gente faz uma distorção nisso e acaba dizendo que é uma autorização para matar. É uma reação necessária à exibição ostensiva que tem sido feita no Rio de Janeiro de armas de guerra nas mãos, muitas vezes, de jovens", disse o general na reserva, que comandou tropas brasileiras no Haiti, em entrevista à Rádio Nacional.

O antigo militar afirmou que as armas usadas nos crimes normalmente são empregadas em ações que resultam em mortes de inocentes e de polícias envolvidos nos confrontos e defendeu a retoma do respeito pelas forças legais.

"É preciso um treino bem feito das tropas para que isso seja respeitado (evitar mortes indiscriminadas). Tivemos essa regra no Haiti durante mais de dez anos e não há casos de execuções indiscriminadas. É uma questão de treino e, de pouco a pouco, se readquirir o respeito", afirmou o futuro ministro da Defesa.

Sobre a intervenção policial no Rio de Janeiro, um dos estados brasileiros com maior índice de criminalidade, o general Heleno elogiou a polícia local, classificando-a como "talvez uma das mais valentes no mundo".

"Quem já subiu o morro levando com tiros, quem já enfrentou uma comunidade levando com tiros que você não sabe de onde vêm, sabe o que é isso. As polícias no Rio de Janeiro são muito corajosas, mas precisam ter na sua retaguarda um outro tipo de apoio, principalmente esse apoio logístico que foi implantado pela intervenção e que pode servir de modelo para o resto do país", relatou, segundo a Agência Brasil.

O general na reserva disse ainda que é preciso esquecer aquilo a que chamou de "confrontos de campanha" e trabalhar pela reconstrução do Brasil.

"Temos muito o que fazer. Temos que esquecer esses confrontos de campanha. Tudo isso tem que ser deixado de lado agora. Vamos trabalhar pela reconstrução desse país, que é um país fantástico e que merece chegar muito mais longe do que chegou até hoje", concluiu.

Até agora foram confirmados 4 ministros por Bolsonaro

Para além da confirmação do general na reserva Augusto Heleno para o ministério da Defesa, até ao momento já foram adiantados por Bolsonaro os nomes do deputado federal Onyx Lorenzoni para ocupar o ministério da Casa Civil, o economista Paulo Guedes para a pasta da Economia e o astronauta e major da reserva Marcos Pontes para o Ministério da Ciência e Tecnologia.

O candidato do Partido Social Liberal (PSL, extrema-direita), Jair Messias Bolsonaro, 63 anos, capitão do Exército reformado, foi eleito no domingo, na segunda volta das eleições presidenciais, o 38.º Presidente da República Federativa do Brasil, com 55,1% dos votos, derrotando o candidato do Partido dos Trabalhadore (PT), Fernando Haddad, que teve 44,9% dos votos.

Lusa

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