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Socialistas Europeus preocupados com vitória de quem "agita o ódio contra as minorias"

O grupo parlamentar dos Socialistas Europeus (S&D) expressou esta segunda-feira a sua "profunda preocupação" com a vitória nas eleições presidenciais de domingo no Brasil de Jair Bolsonaro, um "extremista de direita" que "agita o ódio contra as minorias".

Ricardo Moraes

"Estamos muito preocupados com a perspetiva de que um extremista de direita que admira a brutal junta militar e agita o ódio contra as minorias, liderará o quinto maior país do mundo", comenta, num comunicado divulgado em Bruxelas, o líder do grupo S&D, o alemão Udo Bullmann.

Apontando que, durante a campanha, muitos cidadãos brasileiros foram para a rua dizer "um grande não" à "retórica autoritária e discriminatória do candidato Bolsonaro", às suas "visões misóginas e homofóbicas" e "a uma política de ódio e medo", os Socialistas Europeus, pedem ao Presidente eleito "que respeite os valores universais dos direitos humanos e da democracia bem como os princípios consagrados na Constituição brasileira".

"Estamos também profundamente preocupados com os relatos do abuso em larga escala de 'bots' e algoritmos para espalhar ódio e mentiras na campanha eleitoral. Este tem de ser um último alerta para os democratas de todo o mundo: precisamos urgentemente de combater as interferências online nos processos democráticos, caso contrário, a liberdade e a justiça das eleições estão em jogo", aponta ainda Bullmann.

O comunicado dos Socialistas Europeus cita também o eurodeputado português Francisco Assis, presidente da delegação do Parlamento Europeu para as Relações com o Mercosul, que em declarações à Lusa no domingo já lamentara a eleição de "um extremista de direita com um discurso racista, misógino, de apelo constante à violência, um homem que passou a sua vida a enaltecer a ditadura militar". "O grupo socialista estará atento à evolução da situação política no Brasil e apoiará de forma inequívoca os democratas do país", diz Assis.

O candidato do Partido Social Liberal (PSL, de extrema-direita) Jair Messias Bolsonaro, 63 anos, capitão do Exército brasileiro reformado, foi eleito no domingo, na segunda volta das eleições presidenciais, o 38.º Presidente da República Federativa do Brasil, com 55,1% dos votos.

De acordo com dados do Supremo Tribunal Eleitoral brasileiro, Fernando Haddad, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT, esquerda), conquistou 44,9% dos votos, e a abstenção foi de 21% de um total de mais de 147,3 milhões eleitores inscritos.

Em Bruxelas, aguarda-se ainda a reação oficial da União Europeia, que será expressa na tradicional carta de felicitações dos presidentes da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e do Conselho Europeu, Donald Tusk, ao Presidente eleito, que ainda não foi divulgada.

Lusa

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