Segundo a agência de notícias Efe, Iván Mélnikov, secretário da comissão que vigia os direitos dos prisioneiros, em Moscovo, afirmou que 100 dias de greve de fome "são muito difíceis" e que Oleg Sentsov se mantém vivo através da administração de suplementos alimentares.
Iván Mélnikov não acredita que uma greve de fome "seja um meio eficaz" de defender direitos, frisando que "só prejudica a saúde" de Sentsov, mas que entende que para o cineasta "é uma questão de princípio".
A mãe de Sentsov enviou em julho uma carta ao Presidente russo, Vladimir Putin, em que pede o perdão do filho, detido numa prisão de segurança máxima no Ártico russo, alegando que Sentsov "não matou ninguém".
O Kremlin respondeu que, de acordo com a lei russa, um perdão só pode ser concedido se for solicitado pelo próprio prisioneiro, sendo que Sentsov não está disposto a fazê-lo, segundo os seus advogados.
A União Europeia pediu hoje a libertação "imediata" do cineasta e dos restantes prisioneiros políticos ucranianos, que excedem a meia centena.
Também mais de 60 personalidades do mundo da cultura apelaram hoje aos líderes europeus para que pressionem pela libertação imediata do cineasta.
Putin não reconhece a existência de presos políticos na Rússia e, em várias ocasiões, defendeu a legalidade da condenação de Sentsov."Sentsov foi preso por preparar ataques terroristas, não por vandalismo", argumentou o Presidente russo.
Os ataques cometidos por Sentsov a que Putin alude seriam os ataques perpetrados com líquidos inflamáveis, em abril de 2014, contra os escritórios do partido no poder, Rússia Unida, e da Sociedade Russa da Crimeia em Simferopol, a capital da península.
A península da Crimeia foi anexada pela Rússia em maio de 2014.
Em declarações à agência de notícias Associated Press (AP), a irmã de Sentsov, Natalya Kaplan, disse que o cineasta está nos cuidados intensivos em estado crítico e que a família não tem informações completas sobre o seu estado de saúde.
O sistema prisional da Rússia veio hoje contradizer as alegações sobre o agravamento do estado de saúde do cineasta, referindo que Sentsov recebe suplementos nutricionais.
Numa reação àquela acusação, a advogada Tatyana Moskalkova, comissária da Rússia para os Direitos Humanos, em declarações à agência de notícias RIA Novosti, contradisse a afirmação de Natalya Kaplan, revelando que a prisão enviou na segunda-feira um grupo de médicos para examinar Sentsov e que concluíram que a sua condição é satisfatória.
Oleg Sentsov, de 42 anos, tem nacionalidade ucraniana, mas é considerado por Moscovo um cidadão russo, na sequência da anexação da Crimeia.
O cineasta foi condenado em 2015 a 20 anos de prisão por terrorismo na Crimeia e está em greve de fome desde 14 de maio, e tem vindo a exigir a libertação de "todos os presos políticos" ucranianos na Rússia.
Lusa