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Reunião com líder independentista marca o início da normalização, diz Pedro Sánchez

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, considera que a reunião que hoje teve em Madrid com o presidente do Governo catalão, Quim Torra, "marca o arranque construtivo para a normalização das relações" entre as duas partes.

Juan Medina

"Uma crise política requer uma solução política. Esta reunião marca o arranque construtivo para a normalização das relações", escreveu Pedro Sánchez, em espanhol e em catalão, na sua conta oficial na rede social Twitter, depois de se ter reunido com o líder independentista.

O primeiro-ministro espanhol e o presidente do Governo catalão decidiram voltar a convocar a comissão bilateral entre os dois executivos, que não se reunia desde 2011, como forma de normalizar a relação entre as duas partes.

A vice-primeira-ministra, Carmen Calvo, informou sobre esta decisão depois do encontro entre Sánchez e Torra, a primeira ao mais alto nível entre o executivo central espanhol e o da Catalunha, depois da tentativa independentista do outono passado.

"Foi uma reunião de trabalho, eficaz, institucional e cheia de cordialidade", resumiu Carmen Calvo, acrescentando que o encontro foi "francamente útil".

Por outro lado, segundo a vice-primeira-ministra, Pedro Sánchez disse a Quim Torra que "há muito pouco a falar" sobre o direito à autodeterminação que este último defende.Segundo Carmen Calvo, o chefe do executivo espanhol também se comprometeu a levantar os "vetos" que Madrid apresentou, através de recursos, junto do Tribunal Constitucional contra várias leis catalãs que referem que a autodeterminação é o objetivo da região.

Por outro lado, Sánchez e Torra chegaram a um compromisso para preparar "em comum acordo" as comemorações do aniversário dos atentados jihadistas de Barcelona e Cambrils do ano passado, que poderiam contar com a presença do rei de Esapanha, FelipeVI.

Desde que chegou ao poder há pouco mais de um mês, entre outros com os votos dos partidos independentistas catalães, Sánchez assegurou que uma das suas tarefas principais seria baixar a tensão com a Catalunha, retomar o "diálogo" político interrompido e "normalizar" as relações.

Essa atitude conciliatória concretizou-se, nomeadamente, com a transferência na última semana para prisões catalãs de seis políticos separatistas que aguardam julgamento pelo seu papel na tentativa de independência que culminou em 27 de outubro passado com a intervenção de Madrid na região.

Apesar desta oferta de diálogo, a posição do Governo central socialista tem sido a de continuar a defender a unidade de Espanha e recusar propostas que não respeitem a Constituição do País.Por seu lado, o novo presidente do Governo regional (Generalitat), Quim Torra, não se cansa de defender abertamente a independência da Catalunha.

O Governo espanhol anunciou na passada sexta-feira que vai apresentar um recurso no Tribunal Constitucional para impugnar uma moção aprovada no parlamento catalão em que se reafirmam "os objetivos políticos" de avançar até à independência da Catalunha.

O governo separatista catalão liderado por Carles Puigdemont organizou em 1 de outubro de 2017 um referendo sobre a autodeterminação da Catalunha que foi considerado ilegal pelo Tribunal Constitucional.Os separatistas não aceitam essa interpretação sobre a consulta popular que consideram terem vencido com uma elevada maioria, depois de os partidos unionistas terem apelado ao seu boicote.

O Governo central decidiu intervir diretamente na região no final de outubro de 2017 e organizou eleições regionais em 23 de dezembro do mesmo ano que voltaram a ser ganhas pelos partidos independentistas que continuam a insistir na autodeterminação da região.

O Partido Socialista Operário Espanhol, agora no Governo, sempre apoiou todas as decisões relacionadas com a Catalunha tomadas pelo anterior executivo do Partido Popular (direita).

Pedro Sánchez tornou-se primeiro-ministro depois de o PSOE (Partido Socialista) ter aprovado no parlamento, em 1 de junho último, uma moção de censura contra o executivo do Partido Popular (direita) com o apoio do Unidos Podemos (extrema-esquerda) e uma série de partidos mais pequenos, entre eles os nacionalistas bascos e os independentistas catalães.

Lusa

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